São Paulo (AE) Campeã de praticamente todos os torneios que disputou nos últimos anos, a seleção brasileira masculina de vôlei começa a enfrentar uma situação inusitada. "O problema agora é o vício. A gente se acostumou com as vitórias e não sei como vai ser quando esse time perder, o que vai acontecer um dia desses", revelou Luís Garcia enquanto esperava o filho, o levantador Ricardinho, desembarcar no Aeroporto de Cumbica, na manhã de ontem, trazendo mais um troféu na bagagem, pelo quinto título na Liga Mundial.
"Eu pensei nisso depois que a gente foi comemorar no restaurante", admitiu Ricardinho, ao comentar a frase do pai, logo após o seu desembarque. "Meu Deus. Não é uma cobrança de vocês (da imprensa). É uma coisa natural e a gente não tem como fugir disso", disse o capitão da seleção, que pretende falar sobre o assunto na próxima reunião dos jogadores. "O principal é que isso não pode afetar o grupo. Vai acontecer a derrota e a gente vai ter de aprender a segurar a onda."
O fato é que a seleção brasileira virou o time a ser batido no vôlei masculino, depois de ganhar os últimos três títulos da Liga Mundial, além da Olimpíada e do próprio Campeonato Mundial aconteceram algumas poucas derrotas nesse percurso, mas nada que atrapalhasse as conquistas.
Casquinha
Mesmo com esse retrospecto de títulos e vitórias nas horas decisivas, os jogadores comandados por Bernardinho reconhecem que não são invencíveis. E a derrota para a Venezuela na semifinal do Pan de 2003, é sempre o exemplo lembrado.
"Somos espelho de muitas seleções e todo mundo quer tirar uma casquinha nossa", avisou Dante.
"Todo mundo quer ganhar da gente", disse o líbero Serginho, lembrando da derrota brasileira no primeiro set da final da Liga Mundial. "A Sérvia sacou forte em cima da gente e só fizemos 14 pontos", afirmou o jogador, para justificar que o Brasil precisa ter muita atenção e dedicação para continuar no topo.