Cerca de 200 torcedores esperavam a seleção brasileira no fim da tarde desta quinta-feira na porta do Gran Hotel Stella Maris, a 28 quilômetros do centro de Salvador. A maioria absoluta formada pelas "neymarzetes", jovens fãs do maior astro da equipe de Felipão. Também havia muitas crianças e idosos além de trabalhadores do setor hoteleiro em greve. Para evitar o contato com esse público nada ameaçador, porém, o ônibus da delegação entrou direto pelo portão de serviço do hotel, que dá acesso a setores como lavanderia e cozinha.
A manobra inesperada causou uma correria dos torcedores que se aglomeravam alguns metros para o lado. Eles se espremeram na frente do pequeno portão e um menino chegou a ser derrubado no meio dos mais altos. Foi ignorado pela equipe um corredor montado com cercas metálicas na porta principal, que se usado daria aos torcedores ao menos a chance de ver acenos dos ídolos.
Apenas os hóspedes conseguiram algum contato quando os jogadores saíram nas sacadas dos quartos de frente para o mar e a piscina. Questionado de longe sobre o motivo de a seleção ter evitado o público, Lucas apenas abriu os braços, como se dissesse "não é decisão minha".
Também na frente do hotel estavam dezenas de empregados do ramo hoteleiro em greve desde domingo, que aproveitaram a passagem da seleção para protestar, cobrando melhores condições de trabalho e aumento salarial. Segundo o grupo, mais da metade dos funcionários do estabelecimento aderiu à paralisação, obrigando a administração a contratar temporários.
"Isso faz a qualidade do serviço cair muito, porque eles não têm o treinamento adequado. São seguranças, garçons, camareiras, todos terceirizados, alguns contratados hoje", disse uma camareira que preferiu não se identificar. Segundo ela, quem permaneceu trabalhando foi por receio de represálias. Nenhum representante do hotel quis se pronunciar sobre o assunto.