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Futebol masculino: a prata teve gosto muito amargo. A cara de poucos amigos com a medalha no peito representa o que foi a derrota para o México na decisão | AFP
Futebol masculino: a prata teve gosto muito amargo. A cara de poucos amigos com a medalha no peito representa o que foi a derrota para o México na decisão| Foto: AFP

O Jogo

Parecia ser a melhor chance, mas acabou em decepção com o 2 a 1 para o México. Com menos de 30 segundos o Brasil já estava perdendo. Rafael fez um passe apertado para a defesa, Peralta pegou a sobra e arrematou com precisão. Na etapa final, o mesmo atacante marcou aos 29. Hulk descontou nos acréscimos. E ainda teve tempo de Oscar perder uma chance incrível de empatar.

Peralta duas vezes

Com os dois gols de ontem, o mexicano Oribe Peralta (foto) entrou para a lista de carrascos do Brasil em Olimpíada. Está ao lado do argentino Sergio Aguero (Pequim, 2008), o camaronês Modeste Mibani (Sidney, 2000) e o nigeriano Nwanku Kanu (Atlanta, 1996), alguns dos jogadores que interromperam o sonho dourado brasileiro. Atleta do desconhecido Santos Laguna, da Primeira Divisão do México, o camisa 9 não se contentou com o título. Deixou Wembley também com a bola do jogo em baixo do braço. "É uma recordação linda. Foi especial."

Após 24 anos, o Brasil voltou ontem a uma final de Olimpíada, no mítico Estádio de Wembley. Diante do México, era o favorito para, enfim, conquistar a medalha de ouro inédita. Ao fim da partida, com o triunfo do adversário por 2 a 1, aos brasileiros restaram a prata e um incômodo zumbido.

"Foi uma derrota pior ainda para o nosso time, que todo mundo não para quieto um segundo, está sempre brincando. Ficamos no vestiário depois do jogo escutando o barulho dos mosquitos", comentou Neymar.

Ainda no gramado, depois do apito final do árbitro, o atacante do Santos era um dos mais abalados. Como a maioria dos companheiros, custava a acreditar na festa da zebra mexicana. Sentado no gramado, viu atônito a festa dos rivais. Não chorou, mas quase.

Estrela entre os convocados para os Jogos de Londres, Neymar desapontou outra vez em um momento crucial com a camisa amarela – apesar dos três gols marcados. Repetiu o que aconteceu na Copa América do ano passado, com a desclassificação para o Paraguai.

Foi também o segundo fracasso importante do técnico Mano Menezes que, agora, tem futuro incerto no cargo. E significou a terceira frustração do Brasil no confronto que decide o lugar mais alto do pódio.

Na última decisão que o país disputou, em Seul (1988) a União Soviética ficou com o ouro, ao vencer por 2 a 1. Quatro anos antes, em Los Angeles, a França pôs no peito a medalha mais valiosa, com o placar de 2 a 0.

"Vida que segue. Vamos pensar nas pessoas que gostam mesmo da gente. Não apenas na hora de pedir, mas nas horas difíceis. Não é o fim do mundo. Infelizmente, não conseguimos", declarou o zagueiro e capitão Thiago Silva.

Revés em uma competição na qual o Brasil só enfrentou seleções inexpressivas, exceto por ontem. Venceu Egito, Bielorrússia, Nova Zelândia, Honduras e Coreia do Sul até encontrar com os mexicanos.

De quebra, os brasileiros ainda contaram com o fiasco de Uruguai e Espanha. Igualmente favorita ao ouro, a dupla caiu ainda na fase inicial.

Pacote do insucesso que repercutirá além da provável mudança no comando técnico – o presidente da CBF, José Maria Marín, nunca garantiu Mano na seleção e deixou ontem Wembley visivelmente irritado.

Também reforça as dúvidas sobre a capacidade da geração que estará na Copa do Mundo de 2014, daqui a somente dois anos. Isso porque a base do conjunto principal foi à Inglaterra.

Para piorar, o Brasil volta a campo já na próxima quarta-feira, contra a Suécia, em Estocolmo. Era para ser um amistoso de festa, no evento derradeiro do Estádio Rasunda, palco do primeiro título mundial canarinho, em 1958.

Vai marcar o sepultamento do sonho olímpico e, quem sabe, o último compromisso de Mano Menezes à frente da equipe.

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