Os mexicanos adoram o Bra­­sil. Especialmente o futebol bra­­sileiro. A frase pode não representar o pensamento dos 111 milhões de habitantes do país. Mas certamente vale para quem é de Guadalajara, sede dos Jogos Pan-Americanos. Por isso as meninas do futebol fe­­minino terão a torcida local a favor na disputa da medalha de ouro contra o Canadá, a partir das 20 ho­­ras de hoje (de Brasília), no Estádio Omnilife.

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O Brasil enfrentou as canadenses em um enfadonho 0 a 0 na primeira fase e, mesmo contando com a simpatia mexicana, deixou o campo sob vaias. Com o resultado, as seleções terminaram empatados e a primeira colocação no grupo só saiu através de sorteio.

Por já conhecer a equipe canadense, o técnico Kleiton Li­­ma diz ter gostado de reencontrá-la na decisão. "Sabemos como se portam", afirmou o treinador antes de um incidente no qual quebrou a costela ontem. Após uma freada brusca da van na qual estava, ba­­teu com força no banco. Mesmo assim, deve estar no banco hoje.

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A paixão da torcida local pelo país de Pelé começou há 41 anos, justamente por causa do Rei. Foi no Estádio Jalisco, em Guada­­lajara, que o camisa 10 e a seleção brasileira construíram a maior parte da campanha do tricampeonato na Copa do Mundo de 1970.

O Brasil só não jogou a final, contra a Itália, na cidade. Isso possibilitou aos tapatíos – como se chamam os cidadãos de Guada­lajara – verem de perto as jogadas de Pelé, Tostão, Rivellino, Jair­­zinho, Gerson e companhia.

"Os brasileiros têm magia nos pés", diz o taxista José Mi­­guel Arze, 65 anos, que assistiu às vitórias da seleção de Zagallo sobre a Tche­­cos­­lováquia (4 a 1), Ingla­­terra (1 a 0), Romênia (3 a 2), Peru (4 a 2) e Uruguai (3 a 1). Ele conseguiu as entradas por acaso. "Era muito caro. Mas um amigo, que tinha os ingressos, sofreu um acidente na véspera do primeiro jogo. E me deu todos. O jogo mais emocionante, no qual mais torcemos, foi contra a Inglaterra. Porque se espalhou pela cidade que os ingleses trouxeram água e comida da Europa, nos desprezando", lembra o mexicano.

"Somos um país muito pequeno. Não temos tantas estrelas como os brasileiros. Então, gostamos de torcer por vocês", fala a administradora Lucía Cajas, 42 anos.

A semifinal do futebol fe­­minino, terça-feira, foi um dos poucos momentos em que o time de Kleiton Lima teve a arquibancada contra. Mas porque jogava contra o Mé­­­xico. Ainda assim, foi possível encontrar tapatíos com a camisa canarinho.

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"Comprei ingresso para todos os jogos do Brasil. Ven­­di os do masculino [depois da eliminação na primeira fase]. Vou torcer para as brasileiras na final", conta o bancário Luiz Puga Perez, 47 anos. "Ti­­nha seis anos quando o Brasil jogou aqui. Lembro que foi uma festa", completa.