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Parte técnica também preocupa
Agência Estado
Além de superar o nervosismo, a seleção brasileira sabe que terá de melhorar tecnicamente se quiser passar pelo jovem e potente time de Cuba na semifinal.
Após as vitórias apertadas sobre a Argentina que havia perdido os 12 jogos na fase de classificação, e só joga as finais por ser a anfitriã e a Sérvia que deixou quatro de seus principais jogadores na Europa, se preparando exclusivamente para o Mundial , o técnico Bernardinho e os atletas reconheceram os problemas.
"Se queremos ganhar esta Liga Mundial, temos de melhorar", sentencia o treinador. A opinião é compartilhada pelos jogadores. O levantador reserva Marlon, que teve papel de destaque no duelo contra os sérvios, faz coro. "A gente tem de melhorar, porque senão não vamos passar."
Alguns problemas já ficaram claros para o grupo. Para Bernardinho, o Brasil não tem conseguido repetir nas partidas o desempenho dos treinos. "A diferença está nítida", afirma. Outra dificuldade é que o jogo do levantador Bruninho ainda não encaixou na Argentina. Mas ele tem recebido o apoio dos companheiros.
Apesar dos obstáculos, Bernardinho enxerga uma clara e positiva mudança na postura da equipe após a virada sobre a Sérvia. "Recuperamos a alegria de jogar", disse o treinador. Os atletas são unânimes em apontar o quarto set da partida, no qual o time buscou o empate pela segunda vez, como fundamental para a dose extra de motivação para ganhar o set de desempate.
Essa é a tônica geral das declarações para o jogo contra Cuba. "Alegria de jogar" e "superação" são as expressões mais repetidas entre os brasileiros. Dificuldade, pelo jeito, não faltará no duelo pela vaga na decisão.
O nervosismo tem sido o adversário mais complicado da seleção brasileira na fase final da Liga Mundial. A equipe joga hoje, às 17h30 (de Brasília), contra Cuba, pela semifinal, na Argentina. Ontem, os cubanos bateram a Itália por 3 sets a 0 (leia mais ao lado).
Uma forma de traduzir a instabilidade emocional dos brasileiros é na quantidade de erros não forçados. Após dois jogos, o time entregou 57 pontos. Aos argentinos, na estreia, quarta-feira, foram 27, três a menos do que contra os sérvios, na quinta.
"Enquanto de um lado da quadra você vê nossa equipe tensa, os adversários, do outro lado, estão dando risada, se divertindo, definiu o ponteiro Murilo, um dos mais experientes do grupo. "Eles já entram em quadra dizendo que não têm nada a perder contra nós, continuou.
Murilo foi um dos pontos mais sólidos no Brasil na dramática vitória sobre a Sérvia, que assegurou ao time o primeiro lugar no Grupo E. Ele anotou 13 pontos, sendo três de bloqueio, um dos fundamentos em que a seleção tem falhado mais na Argentina.
Coube a Murilo, que na ausência de Giba (machucado e voltando aos poucos) assumiu a braçadeira de capitão, também consolar o levantador Bruninho, em má fase. "Conversamos com ele à noite, no hotel. A gente costuma brincar com a expressão levar um piano nas costas. Ele não precisa carregar o piano sozinho. Temos de dividir as responsabilidades. Isso aqui é um grupo. Mas ele se cobra muito. Quando erra, perde a confiança. Assim, fica muito difícil de jogar", explicou.
O sentimento é sintomático. "Não estamos bem, reconheceu o ponteiro Dante, em entrevista por telefone. "Não somos máquinas, pode haver algumas partidas em que não vamos jogar tão bem, emendou.
Outro sintoma de que o Brasil esbarra em seu próprio nervosismo é o número de partidas levadas até o tie break (set de desempate) em toda a competição. De 14 jogos, cinco foram até a última parcial. Apenas duas vezes nas últimas oito edições da Liga o time chegou tantas vezes ao quinto set.
Coincidentemente, isso ocorreu nos dois campeonatos nos quais não triunfou. O primeiro, em 2002, quando perdeu a final para a Rússia, em Belo Horizonte. Seis anos mais tarde, novamente em casa, desta vez no Rio, quando Bernardinho amargou sua pior participação na Liga: quarto lugar. "As equipes vão se igualando. A diferença grande não existe mais", disse Dante.
A opinião de Murilo é diferente. Ele prefere apontar as falhas do Brasil a dar créditos ao nível técnico adversário. "Estamos errando mais que o normal, principalmente no saque e no ataque, em que sempre fomos bem."
Em 20 edições da Liga, o Brasil chegou a 15 semifinais. Ganhou 10 delas.
Ao vivo
Brasil x Cuba, às 17h30, no Sportv 2.
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