A notícia da contratação de Kamali pelo Atlético, em maio do ano passado, pegou todos de surpresa. A Gazeta do Povo informou no dia seguinte que se tratava de um negócio "bombástico" e questionou o que o Rubro-Negro pretendia com a aquisição de um desconhecido atacante árabe de apenas 18 anos.
Na época a explicação era de que a vinda de Kamali apresentado com status de estrela pelo então presidente do Conselho Deliberativo Mário Celso Petraglia deveria ser olhada pelo lado do "business". Poderia abrir portas no mundo árabe para o Furacão. Paralelamente, o clube buscava fechar parceria com Emirates, principal companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos.
A estratégia, porém, não surtiu efeito. Preocupada com a imagem da empresa, que havia acabado de lançar o voo São Paulo-Dubai, a Emirates optou por não se aliar a nenhum time do futebol brasileiro o São Paulo também cortejou a companhia.
Agora, quase nove meses depois, a versão é outra. De acordo com Marcos Malucelli, presidente do Conselho Administrativo atleticano, a passagem de Kamali pela Baixada pode ser classificada como um grande estágio. "É um atleta novo (completou 19 anos em dezembro), em formação. Veio para aperfeiçoar o seu futebol e voltar a jogar no seu país", explicou ele, eleito no fim do ano passado. Ou seja, o Atlético não tem a pretensão de usá-lo na equipe profissional.
O contrato do atacante, que terminaria ontem, foi prorrogado por mais seis meses. "Tivemos alguns benefícios (com a contratação de Kamali). O time sub-23 excursionou no ano passado (em setembro) na região. E devemos retornar para alguns jogos neste ano", informou o dirigente.
Enquanto isso, o árabe segue seu "intensivão" no CT do Caju. Incorporado ao grupo principal no começo da temporada, vem tentando desvendar o segredo dos boleiros nacionais. Quem trabalhou com Kamali, vê progressos. "Ele tem uma estrela impressionante. Entra no jogo e aparecem duas ou três chances de gol. Nunca vi coisa assim", afirmou Cleocir Santos, o Tico, ex-técnico do sub 23. "Mas ainda tem deficiência na parte técnica, não possui a mesma competitividade dos brasileiros pelo fato de treinarem pouco em seu país."
Por ora, o gol de oportunismo marcado contra o Iraty, aos 48 do segundo tempo, pela Co-pa Paraná-08 a partida terminou 1 a 1 é a única lembrança da esticada estadia de Abdulla Al Kamali no Furacão.
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