Mário Celso Petraglia festeja a vitória de Marcos Malucelli, há um ano: último ato no clube| Foto: Giuliano Gomes/ Gazeta do Povo

Fora do clube, mas no centro das polêmicas

Mesmo ausente do dia a dia atleticano, Mário Celso Petraglia teve o seu nome ligado ao clube, e ao futebol paranaense de forma geral, diversas vezes este ano. Arena Atle­­tiba, caso Ronaldo, e o site Cap4ever foram alguns dos temas – sem contar o assunto Copa, sempre re­­la­­cionado a ele.

Em agosto, o dirigente concedeu entrevista à Revista Ideias. Uma proposta, em especial, motivou grande polêmica. "Porque não unirmos os interesses dos dois clubes em uma só praça esportiva? Ca­­da um fica com o seu centro de treinamento, com a sua adminis­­tra­­ção de futebol, e o nome seria Arena Atle­­tiba. Eles vendem o Couto Pereira, pegam esse dinheiro e a gente termina a arena", disse.

Um mês depois, surgiu na internet o Cap4ever. O site – que tem o domínio pertencente à empresa de Mário Celso Keinert Petraglia, filho do ex-dirigente – difunde o ideário do "Petraglismo", "muito mais do que a visão de um homem. É um modo de viver. É a sintonia com o futuro e com o mundo contemporâneo".

Mais recentemente, no "caso Ronaldo", Petraglia foi novamente citado. Não houve acerto na renovação do contrato da revelação das categorias de base do Furacão, e o problema seria uma "ligação perigosa" com o ex-presidente.

Isso porque, especula-se que ele estaria por trás da empresa que agencia o atleta, a Master Talents, comandada por Alexandre Rocha Loures, ex-funcionário e conselheiro do Rubro-Negro, ao lado de Ruy Paciornik e Pablo Miranda, outros dois ex-componentes do clube.

"Isso é maldade. A empresa existe recentemente, quem quiser tirar a dúvida é só ir à Junta Co­­mercial e ver quem são os sócios", diz Loures.

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Foram 14 anos, ininterruptos, em que era impossível tratar do Atlético sem associá-lo a Mário Celso Petraglia – mesmo quando ele não esteve na presidência. Longo ciclo que acabou interrompido nesta temporada que, agora, próxima do encerramento, ficará marcada como o primeiro ano do Furacão sem a companhia de seu dirigente mais conhecido.Para o atual presidente do Rubro-Negro, Marcos Malucelli, 2009 serviu para provar que "existe vida" sem Petraglia – algo que, tamanha era ligação, alguns chegavam a duvidar. "Ele não é uma figura indispensável. O Atlético pode, sim, caminhar sem o Mário", afirma. Um desentendimento entre os dois, em fevereiro, selou a mudança. No centro da questão, as atribuições de cada um dali em diante. Segundo Malucelli, o combinado era que Petraglia seguiria com as negociações internacionais de atletas, Copa de 2014 (à época ainda não confirmada para Curitiba), relacionamento com Clube dos 13, CBF e televisão.

Em um e-mail enviado à lista de discussões Herdeiros da Bai­­xada, na oportunidade, Petraglia revelou o desejo de tocar também o marketing, área internacional, finanças, conclusão da Arena, resumindo tudo isso em a "continuidade do projeto de crescimento do Atlético".

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Desde o rompimento, Malu­­celli garante que Petraglia não exerceu qualquer tipo de influência direta dentro do CT do Caju e da Baixada. "Nos encontramos algumas vezes, mas não chegamos a um entendimento. E não há qualquer chance de estreitarmos a relação. Se ele quiser, po­­derá sair candidato nas próximas eleições (no fim de 2010)", diz.

Petraglia foi procurado pela reportagem, mas preferiu não se manifestar neste momento. A ausência definitiva dele – que segue apenas como conselheiro – reforçou uma reorganização já em andamento. De uma forma geral, Malucelli e o vice-presidente Ênio Fornea dividem, desde então, as principais tarefas – amparados por Gláucio Geara, presidente do Conselho Deliberativo.

O trio Roberto Karam, Nelson Fanaya Filho e Henrique Gaede cuida dos departamentos de marketing e comunicação. "Re­­conhecemos tudo o que ele fez. O Petraglia é um ícone para o Atlético. Mas o clube sobrevive independentemente das pessoas", diz Fanaya.

Completando o grupo do "dia a dia" atleticano, Ocimar Bo­­licenho foi contratado em junho para ser o diretor de futebol. "Não trabalhei com o Petra­­glia, não tenho como comparar. O que posso dizer é que desenvolvi o meu trabalho da melhor maneira possível, sem qualquer pressão", comenta o ex-presidente paranista.

Se para os diretores, o Furacão segue bem sem seu homem-forte da última década e meia, o mesmo não se pode dizer em relação aos torcedores. Em fóruns e sites de relacionamento na internet, o debate sobre o novo cenário foi (e ainda é) acirrado.

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Alguns enxergam um Atlético descuidando da estruturação, especialmente patrimonial, promovida por Petraglia a partir de 1995. Outros veem o Furacão se revigorando como time.

Na bola, o avaço aconteceu – embora tenha sido pequeno. Sem levantar uma taça desde 2005, o Rubro-Negro foi campeão estadual. Mas, no Nacional, apenas brigou pelo rebaixamento como nas três edições anteriores.

Do ponto de vista estrutural, a principal realização foi a criação do CECAP (Centro de Reabi­­litação do Atletiba Profissional), comandado pelo médico Edilson Thiele. Além disso, há o problema envolvendo o término da Arena para a Copa, ainda em estudo.