Os jogadores do Cascavel ameaçam parar. Indignado com os três meses de atraso salarial, o elenco não irá treinar hoje, no Estádio Olímpico. Caso a diretoria não cumpra a promessa de quitar pelo menos parte dos débitos até amanhã, a equipe estuda a possibilidade de entrar em greve por tempo indeterminado. Nono colocado no segundo turno da Copa Paraná, com três pontos, o time deve voltar a campo no próximo domingo, contra o Toledo, em Cascavel.

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"Não sei se posso chamar de greve. Vamos aguardar até quarta-feira (amanhã), mas não cogitamos a possibilidade de um novo atraso. Chegou ao limite e ninguém aqui tem o dom de fazer mágica. É pagar ou pagar, senão...", ameaça o técnico Paulo Botarelli, principal articulador do movimento "Pára, Cascavel".

Um dos líderes do grupo, o meia Tita, de 29 anos, conta que a sua família só não está passando necessidade por causa da ajuda dos sogros – o segundo filho do jogador deve nascer até o fim do mês. "A situação é delicadíssima. Não sabemos mais o que fazer. E nem é tanto pelo atraso salarial, algo que já estou acostumado no futebol. A questão é que os dirigentes não falam nada, não nos dão perspectiva de futuro", diz ele, que no futebol paranaense já atuou também no Cianorte, Engenheiro Beltrão e Londrina. "Os caras somem, mentem. Dizem que vão pagar em tal dia e nada acontece", acrescenta.

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No fim de semana passado, antes da derrota por 3 a 0 para o J. Malucelli, em Curitiba, os jogadores do Cascavel quase passaram pelo constrangimento de serem levados para a delegacia. O restaurante indicado pelo clube para o elenco almoçar não havia recebido o valor combinado. Surpreendida, a delegação só foi liberada após o zagueiro Toninho quitar o débito de R$ 260. "É deprimente", classifica Tita.

Há pouco mais de três meses administrando o Tricolor do Oeste, Gentil Ciappina Júnior, da Ápice Sports – a empresa arrendou o departamento de futebol do clube por cinco anos –, diz que o atraso salarial não chega a 90 dias.

"Para alguns devemos dois meses, mas a maioria está há um mês sem receber. Somos uma empresa de confiança, que nunca deixou de pagar um centavo a ninguém", afirma o dirigente. Ciappina promete quitar a dívida com o elenco até fim desta semana.