Alguns erros de planejamento e surpresas desagradáveis colocaram o Coritiba em uma situação delicadíssima no Campeonato Brasileiro de 2005. Três técnicos efetivos e dois interinos depois, o time amarga a 19.ª posição na tabela de classificação e corre o sério risco de rebaixamento para a série B.
Porém, o time parece ter firmado um pacto para se manter na primeira divisão e, para que isso se torne realidade, o time precisaria vencer três partidas, das quatro restantes. A primeira já foi conquistada, na noite de quinta contra a Ponte Preta, mas as duas próximas serão muito complicadas, já que Atlético-MG e São Caetano, respectivamente, são adversários diretos na luta para fugir do rebaixamento.
Esta necessidade de vencer três jogos seguidos para conquistar um objetivo é muito semelhante a uma situação vivida pelo Coritiba no Campeonato Brasileiro da 2.ª divisão em 1992.
Após um ano conturbado no futebol brasileiro, a Confederação Brasileira de Futebol decidiu reorganizar o esporte no país e, ao fim do campeonato, 12 equipes subiriam para a 1.ª divisão. Para conquistar esse objetivo, o alviverde paranaense precisava vencer as três partidas restantes contra Bangu, Criciúma e Joinvile.
As semelhanças entre estes dois momentos históricos são muito grandes. No primeiro dos jogos, contra o Bangu no estádio Couto Pereira, o Coritiba venceu pelo placar de 2 a 1, exatamente como aconteceu nesta quinta-feira contra a Ponte Preta. "Acreditar, sempre acreditar. Estávamos com um objetivo claro na mente e com dedicação, trabalho, e muita confiança, conseguimos alcançar o nosso objetivo", comentou o atacante Pachequinho, um dos maiores ídolos da história do alviverde e fundamental naquela campanha.
O jogo seguinte seria o mais difícil desta caminhada. O Criciúma já estava classificado para a 1.ª divisão e vinha passando por cima de todos os adversários. "Foi um jogo inesquecível. Jogaríamos com um dos melhores times daquele ano, vindo da disputa da Copa Libertadores, mas precisávamos vencer. O time entrou consciente, forte na marcação, e logo aos 5 minutos consegui fazer o nosso gol. Depois disso foi uma pressão absurda, mas conseguimos segurar o adversário e conquistar mais três pontos", emocionou-se Pachequinho. A vitória do Coritiba foi conquistada fora de casa, com estádio lotado, na mesma situação esperada para o próximo domingo, no Mineirão, contra o Atlético-MG.
Para o terceiro jogo, os torcedores fizeram uma grande mobilização e promoveram a "Invasão Coxabranca" na cidade de Joinvile. Uma vitória daria ao Coritiba uma vaga na divisão de elite do Brasileirão em 1993. "O jogo não foi tão difícil como o do Criciúma, mas a pressão de conseguir a vitória era enorme. Quando nos preocupávamos com a situação, olhávamos para as arquibancadas e víamos a nossa torcida, longe de casa, nos apoiando a todo instante. Vencemos. Foi emocionante", disse Pachequinho, atual treinador da equipe de juvenis do Coritiba.
2005
Para o terceiro jogo do Coritiba 2005, contra o São Caetano em São Paulo, a torcida está mobilizada e mais de 30 ônibus devem seguir para apoiar o time na nova "Invasão Coxabranca". "Quando mais apoio tivermos melhor. Estamos unidos e temos a certeza de que, com o apoio da nossa torcida e a conscientização dos nossos jogadores, vamos vencer esse grande desafio", afirmou o vice-presidente do Coritiba, André Ribeiro.
"O grupo precisa confiar em si mesmo. Acreditar, acreditar, acreditar. O Coritiba é grande e vai vencer mais essa batalha. A responsabilidade é muito grande e a cobrança também. Para os atacantes do Coritiba (provavelmente Renaldo e Alcimar) eu recomendo que haja uma tranqüilidade emocional, principalmente. Com tranqüilidade, tudo vai dar certo", conclui Pachequinho.
Confira as fichas técnicas dos jogos de 1992.
Coritiba 2 x 1 Bangu - 19 de Abril de 1992
Local: Estádio Couto PereiraÁrbitro: José Mocelim (RS) Gols: Tico, aos 4´ do 1.º tempo, Egmar (Bangu), aos 18´ do 2.º tempo e Heraldo (penâlti) aos 32´ do 2.º tempo.
Coritiba: Rafael, Márcio, Índio, Heraldo e Paulo César; Élcio, Luís Carlos Martins (Fernando Macaé) e Berg; Ronaldo (Daniel), Tico e Pachequinho. Técnico Jorge Vieira.
Bangu: Gilmar, Cláudio Gomes, Joel, Jair e Racinha; Januário, Pestana e Maciel; Dionísio (Egmar), Evandro e Nenê (Eduardo). Técnico: Dé
Criciúma 0 x 1 Coritiba - 24 de Abril de 1992
Local: Estádio Heriberto Hulse - Criciúma Árbitro: Manoel Serapião (BA)Gol: Pachequinho, aos 5´ do 1.º tempo.
Coritiba: Madruga, Márcio, Jorjão, Sorlei e Paulo César; Heraldo, Élcio e Berg; Toninho Cajurú (Daniel), Tico (Fernando Macaé) e Pachequinho. Técnico Jorge Vieira.
Criciúma: Alexandre, Jairo Santos, Vilmar, Wílson e Itá; Roberto Cavalo (Caio), Gélson e Grizzo; Vanderlei (Everaldo), Soares e Jairo Lenzi. Técnico Levir Culpi.
Joinvile 0 x 2 Coritiba - 27 de Abril de 1992
Local: Estádio Ernesto Schlemm Sobrinho JoinvilleÁrbitro: Márcio Rezende de Freitas (MG) Gols: Ronaldo, aos 20´ do 2.º tempo e Élcio, aos 39´ do 2.º tempo.
Coritiba: Rafael, Márcio, Jorjão, Heraldo e Paulo César; Élcio, Sorlei(Ronaldo), Berg (Fernando Macaé) e Toninho Cajurú; Tico e Pachequinho. Técnico Jorge Vieira
Joinvile: Sílvio, Colatina, Edinho, Tuca e Márcio; Riva, Nardela e Benson; Jair, Mário Junior (Isaías) e Capanema. Técnico? Othon Valentim.
O levantamento histórico das fichas técnicas dos jogos de 1992 foi realizado pelo grupo "Os Helênicos". Mais informações sobre este trabalho de pesquisa podem ser obtidas no site www.historiadocoritiba.com.br