Quem me acompanha aqui, nesta longa caminhada de imprensa esportiva, sabe o quanto costumo ser comedido com as palavras, especialmente com adjetivos. Talvez seja até possível contar nos dedos quantas vezes chamei alguém de "craque" nesses anos todos. Maravilhoso, fantástico, extraordinário, monumental... palavras que dificilmente participaram de meus textos e de minhas locuções na carreira. Porque vejo o futebol (e o esporte, de forma geral) de maneira mais pragmática que a maioria dos torcedores e boa parte da imprensa esportiva, que vão do céu ao inferno em suas definições sem ao menos fazer um estágio no purgatório. Desde a paranoia da arbitragem a qualquer erro do apitador até os delírios em algum lance individual de nível técnico acima do normal.

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Mas há exceções e hoje preciso reconhecer. A partida de sábado, no Ecoestádio, merece alguns elogios além da conta. Muito mais do que além da conta. Foi sensacional, como há muito não assistia neste nosso futebol tão pobre de emoções reais dos últimos tempos. Foi adrenalina pura durante todo o jogo, desde o precoce gol do América na primeira etapa até o apocalíptico (posso usar esse adjetivo pela primeira vez?) gol de Paulo Baier, aos 49’ do segundo tempo, quando o torcedor atleticano já preparava um rosário de reclamações contra o técnico Ricardo Drubscky, que ia deixando escapar uma importante vitória.

Sim, porque depois de virar o marcador, sempre desfavorável até o terceiro gol contra, o Atlético parecia patrão do jogo e estabilizado emocionalmente em campo. Até Drubscky trocar o atacante Marcelo pelo volante Derley (reforçar a marcação? garantir o resultado), o que atraiu o América para seu próprio campo, iniciando a blitz que gerou o quarto gol, o de um possível amargo empate. Drubscky, positivamente, comprovou não ser a estratégia de banco o seu forte como treinador. Se acertou na entrada de Paulo Baier (mas aí é barbada em qualquer circunstância), quase comprometeu a recuperação do time, o que o gol do veterano ídolo salvou depois.

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Foi um jogaço, daqueles de prender o espectador sem trégua para respirar. Torcendo contra ou a favor. Ou apenas acompanhando a partida como um observador gratificado pelo fato de o futebol ainda conseguir nos proporcionar momentos de tanta emoção quanto os vividos no Barigui. Dois times abertos, correndo pela vitória, único resultado a interessar conforme as exigências da classificação.

Fiquei procurando uma palavra que pudesse definir o que essa partida representou. "Sensacional" fica bem, não fica?