O escândalo do mensalão no apito desmoralizou a arbitragem, os dirigentes e toda a disputa da Série Prata. Integrantes do torneio que garante duas vagas na elite do futebol paranaense em 2006 não escondem mais o temor pela corrupção nos gramados.
"Vou filmar todos os meus jogos. Iremos acompanhar o juiz desde a saída dele do vestiário ao campo até ele ir embora do estádio. Não quero ser roubado", anuncia Nélson Boreico, diretor do Prundentópolis, segundo colocado no Grupo A atrás do Operário, supostamente beneficiado pelo esquema.
"Estou com o pé atrás. Já não sei se entrarei em campo para disputar uma partida ou perder antecipadamente. Como não tenho dinheiro, acho que entro perdendo", lamenta João Carlos Domingos, presidente do São José, antepenúltimo lugar na mesma chave.
Preocupações à parte, nenhum clube procurado pela reportagem da Gazeta do Povo diz conhecer o chamado "Bruxo" operador do esquema para manipular resultados por R$ 2 mil. Mas alguns dizem já ter ouvido falar do assuntos antes dele vir à tona em Ponta Grossa.
"São coisas que só corriam nos bastidores. O que estão falando aí é o que o mundo do futebol sempre falou. Nunca ninguém me assediou ou pediu nada, até porque sabe que sempre fui contrário à administração Moura", diz Hélio Camargo, homem-forte da Portuguesa Londrinense.
A Lusinha foi o único clube profissional a votar contra o dirigente na eleição do ano passado. "Quem fez a denúncia (dirigente do Operário) esteve junto com ele na campanha. São parceiros dele", completa.
A opinião ganha força nas palavras de João Batista, presidente do Kashima o lanterna da competição. "Tenho filhos, netos e não quero ficar com a consciência pesada por acusar alguém. Só que há forças ocultas, sim. O problema é que não tem como provar, pois foge pelos dedos", ataca.
"O campeonato ficou desmoralizado. O Operário, após a atitude daquele dirigente, jogou seus 90 anos de história no lixo. Ao invés de Fantasma, virou uma minhoquinha assustadora", segue o dono da equipe de Guaratuba, em tom indignado.
O Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) marcou para amanhã os depoimentos de Sílvio Gubert, o cartola que teria pago propina para favorecer o time ponta-grossense, e Sílvio Kosmoski, o presidente da equipe denunciada.
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