A campanha de 2.º turno pela Prefeitura de São Paulo começou nesta segunda-feira (8) com as candidaturas de José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) travando uma espécie de duelo ético e atuando nos bastidores para obter o espólio do candidato derrotado do PRB, Celso Russomanno. Tucanos trabalham com a neutralidade do ex-candidato, enquanto o PT atua para obter a declaração de apoio, já que o PRB compõe a base da presidente Dilma Rousseff.
A avaliação é que o PRB, controlado por políticos ligados à Igreja Universal, poderia aumentar a inserção do petista no eleitorado evangélico. Além disso, a aliança poderia beneficiar Haddad com parte do 1,3 milhão de votos de Russomanno, que teve o apoio de 27% do eleitorado nas áreas da cidade consideradas tradicionalmente petistas.
Os dirigentes do PRB reuniram-se nesta segunda-feira (8) com Russomanno para definir as alianças de 2.º turno. Apesar da tendência de apoiar o PT, o partido disse que ainda não se definiu. Na avaliação dos petistas, a legenda está preparando a "fatura". Em reunião da coordenação da campanha de Haddad, ontem também, foram discutidos os impactos do apoio de Russomanno na campanha, que foi criticada depois de Haddad se aliar a Paulo Maluf (PP). Setores do PT avaliam que uma foto de Haddad ao lado do candidato derrotado do PRB será mal recebida por parcelas do eleitorado do centro expandido.
O comando da campanha, porém, avalia que o custo-benefício é positivo. Dizem que o voto em Russomanno representa o desejo da mudança, e seu o apoio explícito ajuda a canalizar esse eleitorado para Haddad, especialmente nas periferias.
A campanha de Serra avalia que é difícil amarrar o apoio do PRB, em razão da ligação do partido com o governo federal - a legenda controla o Ministério da Pesca. Os tucanos atuam nos bastidores para Russomanno ficar neutro. Contam com isso com a ajuda do PTB que era da coligação do PRB e que deverá apoiar agora José Serra. A interlocutores Russomanno reclamou de ataques do PT na reta final.
Caso Russomanno apoie Haddad, os tucanos pretendem transformar a aliança em ônus para o PT, com críticas, por exemplo, à proposta da tarifa proporcional de ônibus. A ideia é dizer que o petista se aliou ao político que quer "aumentar" a passagem. A campanha de Serra também pretende intensificar as críticas do apoio de Maluf a Haddad, ao lembrar que o candidato do PRB foi aliado do ex-prefeito paulistano. Por fim, os tucanos estudam relacionar a campanha de Russomanno a envolvidos na máfia dos fiscais, já que quatro ex-vereadores - José Izar, Vicente Viscome, Zé Índio e Archibaldo Zancra -, envolvidos no escândalo de cobrança de propina de camelôs na Prefeitura de Celso Pitta (1997-2000), trabalham pelo candidato do PRB.
O PTB, que indicou o vice de Russomanno, Luiz Flávio DUrso, deve apoiar o PSDB, até por causa de sua relação histórica com os tucanos paulistas. O governador Geraldo Alckmin encontrou ontem, no Palácio dos Bandeirantes, Campos Machado, presidente estadual do PTB, para discutir o apoio a Serra.
Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) atuam nos bastidores para ampliar as alianças do tucano. Nesta terça-feira o prefeito se encontra com vereadores descontentes com apoio formal de suas legendas a Haddad, que podem fazer campanha para Serra em seus redutos. Os dois procuraram o PDT, de Paulinho da Força, que deve fechar a aliança. O PPS, de Soninha Francine, já decidiu que se aliará ao candidato tucano. Já o PMDB de Gabriel Chalita anuncia hoje o apoio à candidatura de Haddad. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo