Criado há sete anos, o PSol participa de sua quarta eleição disputando 350 prefeituras e com chance de ganhar em Belém, segundo pesquisas de intenções de voto. A última sondagem feita pelo Ibope mostrava o candidato da legenda, Edmilson Rodrigues, com 47% da preferência na capital paraense. O adversário mais próximo, o deputado federal José Príante (PMDB), tem 16%.

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No Congresso Nacional, o PSol ficou marcado pelas posições firmes de oposição. Se vencer no Pará, terá o seu primeiro telhado de vidro. O partido, que nasceu com militantes expulsos do PT, encampou lutas contra o governo Dilma Rousseff e membros do Legislativo, como as ações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), e, mais recentemente, contra o ex-senador Demóstenes Torres.

Quem pode levar o PSol ao governo é o arquiteto Edmilson Rodrigues, que governou a cidade de Belém por dois mandatos, entre 1997 e 2004, quando ainda estava no PT. Atualmente, Rodrigues enfrenta uma denúncia do Ministério Público Federal que o acusa de não prestar contas na área de saúde e de não estruturar corretamente equipes do programa Saúde da Família na cidade.

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Segundo a assessoria de Rodrigues, houve atraso no repasse do Fundo Nacional de Saúde, o que impossibilitou o repasse para alguns hospitais. Rodrigues diz que quando notificado, prestará os esclarecimentos à justiça.

Agora no PSol, Rodrigues não abandona o discurso a favor dos mais pobres. "Fizemos um governo voltado aos mais carentes, para aqueles que mais precisam do governo. Por isso essa nossa aceitação", diz Edmilson, que conta com pouco mais de um minuto de propaganda na televisão e enfrenta adversários apoiados por pesos pesados da política paraense, como o governador Simão Jatene (PSDB) e o senador Jader Barbalho (PMDB). Para tentar aplacar a popularidade de Rodrigues, os concorrentes dizem que ele é um candidato "isolado", que não teria apoio do governo estadual ou do governo federal.

A proximidade com o governo Dilma é inclusive um trunfo usado pelo vice-líder nas pesquisas, José Príante, embora o PT tenha Alfredo Costa como candidato na cidade. O petista tem 5% das intenções de voto, o pior desempenho do PT em Belém desde 1985. "Tenho uma relação afetiva com a militância do PT. Muitos membros do partido me dizem: sou PT, mas meu candidato é você" diz Rodrigues.

Apesar do apoio da militância, a cúpula petista no estado, ligada a ex-governadora Ana Júlia, não vê com bons olhos a candidatura do ex-aliado. Em eventual segundo turno, PT e PSol devem ficar em fileiras diferentes. O isolamento e o radicalismo ideológico, citados pelos adversários, não o incomodam. "Tem vereadores de todos os partidos me apoiando. Não posso citar nomes para não complicá-los com a base dos seus partidos", diz ele.

A eventual vitória de Edmilson é celebrada pelo presidente nacional do PSOL, deputado Ivan Valente. Segundo ele, o partido precisa passar por cargos executivos municipais para se aproximar do eleitorado e, então, pensar em voos mais altos, como as eleições estaduais e até para a Presidência. "Vamos ter de governar. E a melhor forma de começar isso é com a experiência do Rodrigues. Ele tem experiência, tem visão de governabilidade e saberá lidar com a Câmara Municipal", diz Valente, que ainda avalia a campanha do PSol no Rio de Janeiro como exemplo de entusiasmo da militância.

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"O entusiasmo com a campanha do Marcelo Freixo só é comparável à campanha do Lula em 89", destaca. As comparações com o PT, no entanto, param por aí. Valente descarta que o partido siga o caminho de pragmatismo político, com uma guinada rumo ao centro, como teria feito o PT, segundo os psolistas. "Se fosse assim era mais fácil ter ficado no PT. Nós nos afastamos disso e preferimos seguir um caminho ideológico. Vamos governar sem fazer concessões de nossos princípios", completa.

Rodrigues, por sua vez, repete o discurso de esquerda e afirma que o partido ainda irá lutar pela Presidência, para fazer um "governo democrático, ecosocialista e que garantiria a soberania popular". "O PSol vai comandar essa revolução, se Deus quiser", finaliza.

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