Sicupira completa 70 anos| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Barcímio Sicupira completou 70 anos, ontem, com festa que, provavelmente, ainda estremece a Rua Fernando Amaro, no Alto da XV. Não por acaso, o ex-jogador escolheu comemorar em casa. "Aqui é o meu reino. Onde tenho minha churrasqueira, jogo meu dominó, truco, curto meus netos passeando no quintal", resume. O ex-jogador e comentarista da Rádio Banda B aproveita também a vizinhança da mãe, Dona Anna, de 105 anos. Enquanto espera o filho, também Barcímio, encomendar mais um neto, de preferência menino, para carregar por mais uma geração o nome e sobrenome mais original do futebol local.

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INFOGRÁFICO: Veja a seleção dos sonhos de Sicupira

O "craque da camisa 8", como ficou conhecido no Atlético, onde foi ídolo por oito anos, fala da sua história em entrevista a Carneiro Neto, colunista da Gazeta, Augusto Mafuz, da Tribuna, e o repórter André Pugliesi.

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AP – Você se sente velho?Sou o cara de 70 anos quando me olho no espelho. Quando não estou me olhando, tenho 18 anos. Sou um cara alegre, não sou ranzinza, que é coisa de velho.

CN – Foi melhor a vida de jogador ou de ex-jogador?Não lamento nada, não morro de saudades. Minha vida passou, grande parte. Sou consciente que estou perto do fim. Não tenho medo de morrer, tenho pena.

AP – Se não tivesse permanecido no ramo seria apenas mais um nome do passado?Seria uma peça de museu. E quanto mais o tempo passa mais você fica mais craque. Todo mundo enfeita o teu gol. Um drible a mais.

AP – Você não entrou para as redes sociais, não é mesmo?Entro no meu email, bato o jogo de tranca no computador e eventualmente assisto a um filminho de sacanagem. E o velho Google. Acho uma besteira Facebook etc.

CN – Como era a convivência com os monstros do futebol no Botafogo? Didi, Gérson, Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho...Fiquei muito amigo do Garrincha. Ele estava na fase ruim, bebendo demais, muito ciúme da Elza [Soares, cantora]. Certa vez, eles me convidaram pra almoçar na casa deles e me caiu a ficha. Eu na mesa, a Elza de touca de lã na cabeça, cozinhando e cantando, e o Mané sentado, de bermuda. Nilton Santos, uma figura simples. Didi, um lorde. E o Gérson virou meu irmão. Eles eram os melhores do mundo e eu tinha que jogar no ritmo deles.

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AP – É verdade que você iria jogar no Coritiba antes de parar no Atlético?Sim, eu vim para cá do Botafogo-SP para jogar no Coritiba. Fui ao clube para falar com o Munir Calluf, mas ele me deu uma esnobada. Fui para casa e um diretor do Atlético soube, Aírton Araújo, juntou o dinheiro e comprou meu passe.

AM – E você sempre foi atleticano ou se tornou?Eu me tornei atleticano. Eu era torcedor do Coritiba, estudava no Zacarias, que era próximo do campo do Coxa. Depois, com os 8 anos de Atlético, e a identificação com o clube e a torcida, me tornei rubro-negro.

AM – É mais cobrado como jogador ou comentarista?Tenho cobrança pequena como comentarista. Aprendi com o meu pai a ser honesto. Procuro comentar Atlético, Coritiba e Paraná do mesmo jeito.

AP – Como comentarista, qual teu momento mais marcante?Fui para as Copas do México (1986), Estados Unidos (1994), Alemanha (2006) e África do Sul (2010). Estive no meio da nata mundial da imprensa.

AM – Pelo que você jogava que nível de jogador seria atualmente?Creio que não seria de seleção brasileira. Mas acho que poderia jogar no exterior, não no Barcelona, mas na Inglaterra, Alemanha, Itália.

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