O berço do surfe carioca consagrou, mais uma vez, um de seus filhos mais queridos. E Simão Romão, mais uma vez, retribuiu. Depois de derrotar o pernambucano Bernardo Pigmeu e conquistar o WQS seis estrelas, ele subiu a pedra do Arpoador e, lá em cima, bateu forte no peito, como no filme "King Kong". A cena foi igual à do ano passado, mas a situação financeira em que se encontra seu protagonista é bem diferente. Sem patrocinadores, o surfista, que em 2008 por muito pouco não se classificou para o Circuito Mundial, agora é um coadjuvante no WQS, a divisão de acesso.
"Espero que alguém olhe para mim e fale: 'Esse garoto merece disputar o Circuito Mundial'".
Simão se refere ao misto de alegria e tristeza que viveu no ano passado. Estava na 15ª colocação do WQS zona classificatória para a elite quando seu patrocinador o avisou que, se ele se classificasse, perderia o contrato. Isso porque, para a empresa, interessa mais ter um atleta competindo no Brasil do que no exterior.
Com o título, Simão embolsou US$ 20 mil (cerca de R$ 35 mil) e pulou da 98ª para a 49ª posição no ranking. A próxima etapa seis estrelas do WQS começa no dia 25, no Canadá. O desafio, porém, não está previsto do orçamento familiar.
"Gostaria de ir, mas não vai dar. Meu pai é bombeiro hidráulico, não tem grana para me investir em mim", disse ele que, aos 23 anos, é pai de Pedro, de 3, e marido da apresentadora Diana Bouth.
Simão disputou cinco baterias neste domingo. Nas oitavas, eliminou o paulista Gabriel Medina, sensação da etapa. A vitória na final foi em grande estilo, com direito a uma nota 9,33. Pigmeu chegou a ficar em combinação, precisando de uma soma 16,16, mas saiu dela ao tirar 6,27. Para virar, no entanto, tinha que achar uma onda que lhe rendesse 9,89.
Simão contava com a ajuda da torcida. Nela estavam os surfistas locais do "Arpex", como o pico é, carinhosamente, chamado por quem ali surfa. O localismo carioca, segundo Simão, é o "do bem".
"Durante os treinos, eu falava para todo mundo ficar à vontade. Eu respeito todo mundo e quero ser respeitado nos lugares aonde vou".
E o carioca faz questão de defender essa bandeira. A vitória do Arpoador teve como inspiração o australiano Mick Fanning, campeão do mundo em 2007 e morador da Gold Coast, etapa de abertura do Circuito Mundial.
"Lá, ele só perde para o Kelly Slater ou para outro local".
O rei do Arpoador quer voltar a viajar e tentar se juntar a Fanning, Slater & Cia. Mas, para isso, precisa do tal apoio financeiro. Espera que o espírito olímpico da cidade maravilhosa se reflita no surfe.
"O surfe resume bem o espírito do carioca. Os surfistas do Rio também podiam se beneficiar dos Jogos de 2016. Sei que é difícil o surfe um dia virar esporte olímpico, mas acho que as Olimpíadas podem ajudar todos os esportes", disse.
Simão quer comemorar. E muito. No ano passado, saiu do palanque e foi direto para o aeroporto. Desta vez, vai ficar em casa.
"O melhor de tudo é que agora eu vou poder fazer um churrasco para a galera".
Pedra e Willian entram na zona classificatória para a elite
Após a etapa carioca, o gaúcho Rodrigo Dornelles, o Pedra, e o catarinense Willian Cardoso se juntaram ao potiguar Jadson André na zona classificatória para o Circuito Mundial de 2010. Pedra está na 13ª, e Willian na 15ª colocação do ranking. Jadson, vice-líder, já está garantido entre os 15 primeiros que se classificam automaticamente.
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