Após uma rodada do Campeonato Brasileiro, é normal ver ao menos um técnico ou jogador reclamar de pênalti não marcado para sua equipe. Incomum são os árbitros falarem dos atletas. Na tarde desta sexta-feira (19), três representantes da arbitragem brasileira defenderam a classe no Arena SporTV. Carlos Eugênio Simon, Leonardo Gaciba e Roberto Braatz contaram como lidam com as tentativas - muitas vezes bem-sucedidas - de simulação dentro da área.
O curioso é que, em comparação com os principais campeonatos do mundo - Alemão, Argentino, Espanhol, Inglês e Italiano -, é no Brasil onde mais se assinala pênalti. Nas 35 rodadas da competição nacional, já foram marcadas nada menos do que 120 penalidades.
Para Simon, essa média de 0,34 pênalti por partida é reflexo da cultura "cai-cai" de muitos jogadores brasileiros, que, para ele, são verdadeiros atores.
"As faltas dentro da área são iguais a qualquer outra. Mas dentro da área o jogador se transforma. Ali o jogador vai para cair. Tem jogadores que fazem inveja a qualquer ator. Então o árbitro tem de estar muito atento. Tem de ter 110% de concentração", disse o árbitro.
O assistente Roberto Braatz fez coro com Simon. "A intenção de enganar é muito grande."
Agora ex-árbitro, Leonardo Gaciba diz que, em caso de simulação, é o jogador quem deveria ficar em evidência no dia seguinte à partida, e não o árbitro que não assinalou a penalidade. O gaúcho lembrou também que os juízes não têm o recurso da imagem para decidir se um lance foi ou não pênalti.
"Já vi jogadores me chamarem de covarde. A verdade que chega ao torcedor vem dos olhos da câmera, e o que decide são os olhos do árbitro. Essa é a diferença. Por isso, o nível de acerto tem de ser maior dentro da área. No caso de simulação, quem tem de ser capa do jornal no dia seguinte é o jogador, e não o árbitro", afirmou.
Além da liderança nos pênaltis, o Brasileirão tem também a maior média de faltas cometidas por partida: são 35,6, contra 29,7 da Espanha. Simon, Gaciba e Braatz também têm explicação para o fato de no Brasil serem marcadas mais faltas do que na Europa. Os três acreditam que, para a cultura europeia, o interessante é ver o jogo rolando, e não parado a todo momento.
"Lá na Europa tem muito tempo de bola rolando, mas com muito passe para o lado. Aqui no Brasil tem pouco tempo para respirar, a marcação é mais em cima", opinou Gaciba.
"Na Europa, se o árbitro marca muita falta, o jogador reclama, porque ele quer jogo. Aqui o jogador quer a falta", disse Braatz.
Já Simon acha que isso é um "problema" que precisa ser resolvido com um esforço coletivo.
"Em um passado recente, eram 50 ou 60 faltas (no Campeonato Brasileiro). Depois o número caiu para 30. Neste ano está em 37. Essa é uma cruzada que envolve jogadores, árbitros, imprensa... O árbitro, sozinho, não vai conseguir resolver", disse o árbitro da Fifa.
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