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Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar | Carlos Ohara/Gazeta do Povo
Quiosques da Praia Central de Guaratuba não têm autorização para funcionar| Foto: Carlos Ohara/Gazeta do Povo

A única coisa que o piloto André Bragantini não queria após vencer a etapa de Curitiba da Stock Car Light no fim de semana passado e encostar ainda mais no líder do campeonato, o paulista Norberto Gresse Filho, era voltar para casa. Portador da síndrome de Gilles de la Tourette, Bragantini nunca imaginou que a sua doença poderia lhe causar tantos problemas.

Acostumado a relevar o olhar assustado – e muitas vezes preconceituoso – de quem se sente perturbado com os espasmos motores e vocais característicos do problema, ele se viu envolvido involuntariamente no centro de uma polêmica.

Incomodados com a intensidade dos grunhidos do piloto, alguns moradores do Edifício Turandot, no bairro Ahú, em Curitiba, não descartam inclusive a hipótese de acionar a Justiça para fazer com que o corredor pare de atrapalhar o sono dos vizinhos.

"A gente entende o problema dele, mas acho que falta um pouco de disciplina. Ele está acostumado a dormir tarde e durante a madrugada brinca de bola com o cachorro. Com isso fica mais agitado e os barulhos aumentam. Fora os banhos de hidromassagem no meio da madrugada...", afirma a síndica do condomínio, Sali Casagrande Rodrigues, no cargo há uma semana, cujo apartamento fica localizado abaixo do de Bragantini. "Não é preconceito, mas por que ele não vai dormir mais cedo?", questiona ela, que antes de tomar qualquer atitude mais drástica, pretende se reunir com o piloto em busca de uma solução amigável.

A atitude dos vizinhos de porta, como a do ex-síndico que aplicou três advertências e uma multa no valor de R$ 380 em Bragantini por fazer "bagunça" depois das 22 horas, fora do horário limite do edifício, revoltou o esportista. Para o piloto não há justificativa que não esteja ligada à discriminação.

"É uma situação bem chata. Me habituei a sofrer preconceito em tudo quanto é lugar, com as pessoas rindo da minha cara, mas o que está acontecendo agora extrapolou todos os limites. Estão interferindo no meu direito de cidadão. Os espamos são involuntários, eu não tenho controle algum", diz o piloto, que convive com os tiques desde a infância.

Cansado do "clima de guerra", o corredor já decidiu procurar um outro imóvel – uma casa de preferência – para se mudar com a esposa. Antes, porém, pretende contratar um advogado e buscar os seus direitos, colocando em prática a ameaça do ex-síndico. "É um absurdo me mandarem dormir mais cedo, os meus horários quem faz sou eu. Desde que esteja dentro das regras, não há motivo para mudar a minha rotina. Estou numa temporada decisiva, brigando pelo título e só preciso de paz", explica o piloto. Durante as corridas, por causa da concentração, os sintomas da síndrome, ainda sem cura, diminuem em até 80%. "Nem a medicina sabe explicar os motivos."

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