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Nem o mais calmo e desligado dos atleticanos sonharia com um final de temporada tão emocionante. O empate com o Flamengo impulsionou o Furacão a momentos intensos até o final das duas competições, pois não pode se descuidar da vaga na Libertadores pela via dos pontos corridos.

Se os jogadores sentiram o peso da decisão e mesmo atuando com disposição física erraram passes em demasia e finalizaram mal durante o segundo tempo inteiro, quando encurralaram o adversário na Vila Capanema e não conseguiram marcar o gol da vitória, o treinador Vagner Mancini – principal responsável pela empolgante virada atleticana – precisa manter a serenidade na escalação do time, pois seria imperdoável incorrer no mesmo equívoco da opção em Criciúma. Faltam apenas quatro jogos para o Atlético encerrar a missão. Jogar com a força máxima no sprint final certamente não vai tirar pedaço de ninguém e, aqui entre nós, friamente a vaga no G4 ficou mais segura do que vencer o Flamengo no Maracanã.

Pelo que foi apresentado anteontem, dificilmente o Flamengo deixará de usar e abusar das dimensões do gramado para explorar as graves deficiências que o Atlético apresenta em suas laterais, da mesma forma que o seu envolvente toque de bola será embalado pela maior torcida do país em noite de campeão. Todos sabiam da importância de um triunfo no primeiro jogo, e como isso não aconteceu, pela igualdade dos times em campo e pelas oportunidades de gol perdidas, a vantagem ficou com o Rubro-Negro carioca. Claro que o Furacão pode superar-se e surpreender, mas será uma tarefa que exigirá muito maior esforço do que seria apresentar melhor futebol no plano técnico e construir o escore que a torcida esperava.

Os jogos com Náutico, Santos e Vasco podem representar um caminho mais seguro para a Libertadores, mas os atleticanos terão de voltar a mostrar aquele padrão técnico da goleada sobre o São Paulo, também podendo reverter tudo no mesmo Maracanã se conseguir jogar como fez há dois meses, na virada por 4 a 2 que serviu para derrubar Mano Menezes e mudar a história do Flamengo neste ano. O futebol é o mais apaixonante dos esportes exatamente porque é o que mais se parece a uma síntese dramática, não raras vezes trágica, da vida.

A perspectiva muda de lugar de acordo com os resultados, do mesmo jeito que as equipes mudam de comportamento conforme as imposições feitas pelos adversários, tornando cada partida diferente da outra, não só pelas alterações de jogadores que são naturalmente processadas de um jogo para outro, pelas contusões ou pelos termos dos regulamentos, mas por tudo que envolve a magia do futebol.

Os indivíduos são levados aos seus limites, físicos e psicológicos, na busca do objetivo traçado e, com o passar do tempo, das partidas e dos torneios, o acaso e as emoções fazem a diferença.

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