Nas já quase duas semanas desde que a vida pessoal de Tiger Woods alimenta os tabloides, seu website se tornou uma espécie de assembleia pública sobre o comportamento extraconjugal do jogador de golfe. Mais de 22.000 comentários (a maioria deles de apoio, apesar de algumas recriminações) foram publicados depois que o esportista fez comentários vagos e admitiu ter realizado algumas "transgressões" e também ter desapontado sua família.
O escândalo sobre os possíveis deslizes de Woods aumentaram drasticamente o tráfego no site TigerWoods.com. Na semana que acabou em 29 de novembro o dia que ele anunciou seu acidente de carro , o número de usuários únicos atingiu a cifra estratosférica de 488.000 visitantes, de acordo com a Nielsen Online. No mesmo período, a cifra bateu os 89.000 internautas que visitaram o site BritneySpears.com. Já nas semanas anteriores, as que acabaram dia 8 e 15 de novembro, o site de Woods não registrou mais de 27.000 acessos. Na semana seguinte a essas, o número de visitantes foi baixo demais para ser registrado pela Nielsen.
O gráfico do Google Trends mostra que o tráfego mundial para o site do jogador de golfe sempre foi linear de 2006 a 2008, exceto por picos durante as primaveras e verões, época que coincide com os jogos dos jogadores mais importantes do golfe.
"Em situações normais, os sites de atletas não possuem muito tráfego", declarou Andrew Lipsman, porta-voz da comScore, uma empresa de pesquisa on-line. Em outubro, o site TigerWoods.com teve 51.000 visitantes, de acordo com a comScore.
Um aspecto incomum do site é seu editor: Mark Soltau, um respeitado e antigo jornalista especializado em golfe e editor contribuinte da revista Golf Digest. Para realizar seu trabalho, Soltau consegue entrevistas com Woods que outros jornalistas evidentemente não conseguem. Os repórteres querem entrar nos bastidores, mas raramente chegam tão longe. Soltau se recusou a fazer comentários sobre sua relação com Woods.
Jerry Tarde, editor-geral da Golf Digest, revelou não considerar o papel de Soltau um problema jornalístico. "Mark Soltau é um editor que contribui para a Golf Digest, não um membro do quadro de funcionários", conforme apontou Tarde em um e-mail. Ele ainda disse que o trabalho de Soltau se restringia a comentários sobre Woods e a coluna sobre equipamentos "Whats in my bag?" (O que está na minha mala, em tradução livre).
Woods é considerado um "editor jogador" da revista, com a qual possui um contrato de participação de longa data. Tarde ainda declarou que não há planos de alterar o relacionamento em vista do escândalo. Woods estará na capa da edição de janeiro, onde aparece em uma fotomontagem como carregador de tacos para o presidente Barack Obama. A manchete "10 dicas que Obama pode pegar com Tiger" parece agora mais uma provocação. "A edição foi impressa em 14 de novembro e o acidente de Tiger foi em 27 de novembro", informou Tarde.
Woods irá, para muitos, ser visto pelo prisma das ações pessoais que atravessaram o escudo de sua privacidade e ameaçaram seu casamento. É fácil perceber em seu site como tudo (o jogador de golfe, o homem e o escândalo) se mistura. Domingo passado, quando Jim Furyk ganhou o Campeonato Mundial, no qual Woods comparece, mas não participa, a matéria de Soltau recebeu147 comentários, quase todos sobre o escândalo.
Há poucas, o site era um local benigno para que Woods tivesse seu cantinho na web. Este passado recente ainda é visível em seu blog, respostas às perguntas feitas ao "Dear Tiger", galerias de fotos, dicas sobre golfe, fotos retiradas de comerciais, conselhos sobre boa forma, estatísticas de carreira e uma comparação "Tiger x Jack".
Para falar a verdade, nada na página TigerWoods.com sugere que o mundo do jogador está fora de ordem.
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