
No título: "Mais algumas horas e seremos Campeões do Mundo!", não tinha medo de anunciar a edição da Gazeta do Povo de domingo, 16 de julho de 1950.
Apenas reflexo da euforia que tomava conta do país com a proximidade do já dado como certo primeiro título mundial de futebol. Afinal, bastava um empate com o Uruguai, no Maracanã lotado. Seria muita crueldade uma derrota nessas circunstâncias.
"Só perderemos para o Uruguai se desta vez o impossível acontecer mais de cinquenta milhões de brasileiros torcendo pela vitória do Brasil nunca, no esporte, tantos deveram tanto a tão poucos", dizia a Gazeta.
E a frase se se repetia inúmeras vezes durante o texto: "Só perderemos para o Uruguai se o impossível acontecer. Se não houver legítimo futebol. Se houver deslealdade. Se houver isso que no esporte chamamos de traição do adversário, essa traição que se chama meios ilícitos, anti-esportivos. Só assim perderemos para os uruguaios."
Na cabeça do redator, e de todos os brasileiros, estava claro: não havia a menor chance de o título escapar em casa. Afinal, na fase decisiva haviam sido dois massacres: 7 a 1 na Suécia e 6 a 1 na Espanha os uruguaios empataram por 2 a 2 com os espanhóis e venceram por 3 a 2 os suecos. Apoio, não faltaria. "Na tarde de hoje estarão gritando a todos os pulmões, estejam onde estiverem: BRASIL! BRASIL! BRASIL!"
Em uma pequena pausa, o texto fala do valor dos charrúas. "Reconhecemos, entretanto, que o adversário, quer-nos parecer, será dos três que tivemos nas finais o mais difícil. Os uruguaios são lutadores, possuem muita técnica e muita fibra".
Não dura muito, porém. O final parece escrito por um motivador desses que se proliferaram nos últimos anos nas grandes empresas e apareceram até no futebol. Primeiro, um verso: "Auri verde pendão da minha terra, que a brisa do Brasil beija e balança!" Depois, o brado final: "Para a frente, brasileiros! Para a vitória!"
Na segunda-feira a Gazeta não circulava. Na terça, nenhuma linha sobre a derrota por 2 a 1.
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