A cena até hoje é um mistério para Alex. Ele, a esposa, Dayane, a filha, Maria Eduarda, e a empregada da família apareceram em rede nacional de tevê, na Turquia, em uma descontraída brincadeira na cozinha de casa. A situação explícita de invasão de privacidade resume um dos dois problemas do meia no país: o espírito paparazzi da imprensa local. A outra dificuldade? O incompreensível idioma turco.

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Gazeta do Povo – Você se assustou com a idolatria da torcida turca, que lotou o aeroporto na tua chegada. Hoje você já consegue andar tranqüilamente pelas ruas ou o assédio aumentou muito?

Alex – Piorou. Antigamente eu era um sonho de consumo que virou realidade. Fiz 30 gols em um ano e fui campeão. O assédio continua muito grande e ainda me assusta. Para alguns, o clube está acima da família e tem situações que ainda me assustam.

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– A recepção no aeroporto ainda é a cena mais marcante?

– Não, aconteceu coisa pior. Tem coisas referentes à família que a gente não está acostumado. Nós fomos campeões e apareceu um cara da imprensa com uma foto da minha filha, muito bonita por sinal, pedindo para eu dar um autógrafo. Falei que não daria, porque eu ia levar a foto para casa por ser da minha filha. E ele falou que não, porque a foto era dele e eu tinha de autografar. Teve outra cena em que a gente estava brincando na cozinha e isso foi passado na televisão. Até hoje é um mistério para nós. Ninguém sabe como aquilo foi gravado. É pior do que na Inglaterra. Você tem de ter cuidados redobrados. O pessoal já havia me alertado, mas não imaginei que seria tanto. Na verdade o povo quer te ver bem à maneira deles. O turco adora brasileiro.

– Essa receptividade boa deve ter contribuído para sua adaptação.

– Me sinto bem. A cidade me dá tudo que eu necessito. Às vezes rola um estresse devido a algumas coisas serem diferentes e à língua. Às vezes a gente se sente analfabeto dentro da cidade.

– Você já aprendeu a falar alguma coisa?

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– É impossível. Talvez daqui a dez anos eu consiga falar alguma coisa. Fora isso, o povo te atende bem, a cidade oferece muitas coisas. Dentro de campo as coisas estão indo bem e isso faz com que você pense se realmente vale a pena sair daqui. O contrato é muito bom. Vamos ver na segunda temporada. Sendo 80% do que foi a primeira, estão muito bom.

– O caso do Washington, que teve problema cardíaco jogando pelo Fenerbahce, ainda é muito comentado?

– A torcida ama o Washington. Ele jogou 14, 15 jogos, fez 12 gols, estava muito bem até acontecer o problema. A diretoria não quis encarar o problema de frente e rescindiu o contrato. Daí acho que vem a chateação do Washington em relação ao clube. Ano passado, com o Washington sendo artilheiro do Brasileiro, o povo ficou muito feliz. A diretoria viu que fez besteira e que se tratasse, o Washington poderia dar um retorno viável.

– Vocês vão jogar de novo a Liga dos Campeões. Tem como fazer uma campanha melhor?

– A gente não faz uma campanha tão ruim, não, cara. Fizemos nove pontos em um grupo complicado, com Lyon e Manchester. O time tem condições de fazer campanha igual ou melhor. (LMJ e MR)

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