Foi sofrido. Muito sofrido. O 18º título do paulista do Santos saiu à fórceps neste domingo, no Pacaembu. O time que deu show durante todo o estadual confirmou seu favoritismo e levanta o troféu após perder por 3 a 2 para o Santo André, com apenas oito jogadores em campo. Épico. O time de Robinho, Neymar e, principalmente, de Paulo Henrique Ganso, que foi um gigante na decisão e compensou, sozinho, a perda de Léo, Marquinhos e Brum, expulsos, chegou ao 100º no ano. Neymar fez os dois gols santistas. Nunes, Alê e Branquinho fizeram os gols do Ramalhão, que, bravamente, caiu de pé.
Gols, expulsões e Ramalhão na frente
Um primeiro tempo eletrizante, nervoso, aberto e com muitos gols. O Santos entrou em campo para festejar, mas esqueceu-se que título só se comemora após o apito final. O Santo André, ligado, dividindo todas, disputando uma final, enfim, surpreendeu logo aos 55 segundos de jogo. Branquinho lançou Cicinho, na direita, às costas de Léo. O lateral do Ramalhão invadiu a área, driblou o goleiro e chutou cruzado. Antes de a bola entrar, Nunes empurrou para o gol
O Peixe não se encolheu e foi para cima. Aos 7 minutos, Marquinhos achou Robinho dentro da área. De letra, o Rei das Pedaladas largou Neymar livre na marca do pênalti. O garoto deixou três marcadores no chão e estufou as redes com um forte chute de direita.
O problema do Santos é que, se o ataque é insinuante, rápido e imprevisível, a defesa foi lenta e desatenta. O Ramalhão seguiu em cima, dividindo todas as bolas com muita força e vontade. Na frente, Bruno César, Branquinho e Rodriguinho, com movimentação constante, bagunçavam a defesa alvinegra. Aos 15, Branquinho livrou-se da marcação pelo meio e mandou a bomba. A bola explodiu na trave. Em seguida, aos 17, Carlinhos desceu pela esquerda e cruzou para Rodriguinho marcar de cabeça. No entanto, a auxiliar Maria Eliza Barbosa errou e marcou impedimento de Carlinhos, cuja posição era normal.
O Ramalhão seguia em cima e, as 19, fez o segundo. Na cobrança de escanteio pela direita, Alê apareceu sozinho na área. A zaga santista ficou olhando e o volante completou de cabeça para o gol.
O jogo, além de corrido, era nervoso. Neymar busca o drible e os marcadores marcavam falta. Aos 22 minutos, Alê fez falta dura no garoto santista, provocando uma grande confusão. Ganso tomou as dores do amigo e partiu para cima do volante. A confusão tornou-se generalizada. Léo e Nunes começaram uma ríspida discussão paralela e acabaram expulsos. Os andreenses reclamaram muito do comportamento de Neymar em campo.
"Ele é um cai-cai do c...", xingou o goleiro Júlio César.
Com os dois times jogando com dez jogadores, o Santos passou a controlar melhor a posse de bola. A defesa santista já não tinha tanto trabalho para marcar apenas Rodriguinho à frente e o Peixe, de pé em pé, chegou a seu segundo gol. Aliás, um golaço. Robinho ganha a dividida na intermediária e passa para Ganso, que de calcanhar, encontra Neymar entrando pela esquerda. O garoto, de canhota, só rola na saída de Júlio César.
Quando o jogo estava sob controle do Peixe, Marquinhos fez uma tremenda besteira: acertou um carrinho por trás, desnecessário, em Branquinho e acabou expulso, deixando o Peixe com nove jogadores. Aí, o jogo ficou a caráter para o rápido time do ABC paulista. Com o adversário escancarado, Bruno César acertou belo passe para Branquinho, que entrava pelas costas da defesa santista. O meia girou e bateu colocado, de direita, sem chances para Felipe.
Faltava ainda um gol para o Ramalhão, já que essa derrota por um gol ainda dava o título ao Peixe.
O Santos voltou mais bem posicionado para o segundo tempo. Dorival Júnior abriu Robinho pela direita e Neymar pela esquerda. Ganso jogava pelo meio. Arouca e Mancha marcavam pelo meio. Mesmo com um a menos, o Peixe conseguia ameaçar. Logo aos três, num lindo passe diagonal, Ganso enxergou Robinho. O gol só não saiu porque o atacante chegou atrasado.
O Ramalhão, porém, continuava bem vivo no jogo. Sempre que Bruno César ou Branquinho pegavam na bola, o time do ABC criava coisa boa. Aos 5, Rodriguinho recebeu de Bruno, driblou Felipe e chutou para o gol. Arouca, que entrava por ali, salvou o Peixe.
Aos 17, Dorival tirou Robinho do time para colocar o atacante André. A missão do centroavante era correr atrás dos zagueiros para tentar dificultar as saídas de bola do Ramalhão. Com essa mudança, o Santos deixou de ser ameaçado. Ganso assumiu o comando do time e passou a prender a bola no meio. Neymar tentava partir para cima, mas caía à toda hora. Aos 32, ele foi substituído por Roberto Brum.
O Santos tinha o jogo sob controle. Mesmo com um a menos, marcava bem e não dava chances para o Santo André. Mas aí Brum caiu na mesma besteira de Marquinhos. Fez falta por trás em Pio e acabou sendo expulso. Agora, o Peixe tinha apenas oito jogadores em campo. O jogo acabou se tornando ainda mais dramático. Dorival Júnior, prontamente, mandou o zagueiro Bruno Aguiar para o campo. Ganso iria sair, mas foi firme. Virou-se para o banco e gritou:
"Eu não. Vou ficar aqui!". André, então, foi sacado.
Melhor para o Peixe. O meia prendeu a bola na frente, chamou falta, cavou escanteio. A essa altura, o Ramalhão já tinha Rodriguinho, Rodrigão e Pio, todos praticamente dentro da área. O Peixe se segurava como podia. Aos 45, Rodriguinho chutou cruzado e a bola bateu na trave.
O Pacaembu, de pé, exigia o fim do jogo. O apito final e a explosão saiu aos 49 minutos. Agora, a terceira geração dos Meninos da Vila confirma a sina santista: ser formador de meninos campeões.
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