O estádio do Imperial, time da Suburbana, teve seu maior público em um jogo de futebol americano: peso igual ao dos grandes do estado.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Clube Atlético Boqueirão e Clube Atlético Paranaense. O nome é semelhante, mas um mundo os separa. No Boqueirão, o gramado não está bonito, falta arrumar os muros, o alambrado e os vestiários, fonte de constrangimento quando a arbitragem é mista. Bastam 1,2 mil pessoas para lotar o estádio que não tem sequer alambrados. A Federação paga a arbitragem, mas Antonio Carlos Walter, presidente do clube desde 1998, gostaria que o governo desse um desconto de 50% nas contas de água e luz, que chegam, juntas, a R$ 1 mil por mês. O time, que joga a Série B da Suburbana de Curitiba, não passou da primeira fase em 2014.

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Do outro lado está o Atlético, campeão brasileiro em 2001, finalista de Libertadores, dono de um estádio com capacidade para 40 mil pessoas que sediou ano passado jogos da Copa do Mundo. Possui em seu elenco jogadores avaliados em milhões de euros, que jogam na seleção brasileira. Nas duas últimas edições do Brasileirão, ficou em terceiro e oitavo lugares, respectivamente, além de ter disputado uma final de Copa do Brasil no Maracanã.

No dia 21 de março, no entanto, os Atléticos serão iguais. O voto de cada um vai valer exatamente a mesma coisa na hora de escolher o novo presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF) e definir os rumos do futebol do estado nos próximos quatro anos.

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Pela Suburbana, chapas atraem secretários municipais

A presença de dois secretários municipais – Ricardo MacDonald (secretaria de Governo) e Reginaldo Cordeiro (Urbanismo) reforça o peso da Suburbana de Curitiba na eleição da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Com nomes da prefeitura na chapa, as diretorias criam, em tese, um canal direto para os clubes fazerem reivindicações à administração públ

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Aliás é correto dizer que, nesta eleição, ser Atlético Boqueirão é melhor que ser Atlético Paranaense. Dos 61 filiados aptos a votar, 35 são clubes e ligas amadores, contra 26 clubes profissionais. O poder de decisão está com os pequenos.

Times como o Imperial Futebol Clube, que completa 60 anos de existência em 2015. O tradicional clube do Mossunguê tem uma das melhores estruturas da suburbana. No papel, pelo menos. São cinco vestiários com água quente – quatro para os times e um para a arbitragem –, estacionamento interno amplo, bar, quiosque com churrasqueira e sede própria. Mas os sinais do tempo estão em todos os lugares. A pintura está gasta, a churrasqueira teve seus últimos dias de glória no século passado e o melhor público dos últimos anos não foi prestigiar o clube local. Nem futebol como conhecemos era. O Coritiba Crocodiles e o Brown Spiders levaram 4 mil pessoas ao Estádio Otávio Silva Nicco para a finalíssima do futebol americano da capital. Quando o time da casa joga, a média fica entre 500 e 700 pessoas.

Gilberto Barros, vice-presidente do União Vila Sandra, filiado há quatro anos, parece feliz com a atual administração da FPF. “O Hélio Cury deu um certo apoio, principalmente nos dois últimos anos. Nós vamos votar nele porque do outro lado há pessoas que fizeram muito mal para o futebol amador. Não estou falando do Gomyde, ele ajudou o futebol amador. Mas escolheu mal algumas pessoas.”

Com um “campo bom, um estacionamento bom e um campo de bocha”, o Vila Sandra não tem grandes aspirações, mas depois do quinto lugar na Série B do ano passado, quer subir este ano. Os 30 atletas do clube não jogam por dinheiro.

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“Aqui se joga porque gosta. Mas damos uma carninha, cerveja e uma caixinha”, diz Barros.

Reginaldo Cordeiro, secretário municipal de urbanismo, integrante da chapa de Hélio Cury, não acha errado times tão díspares como o Vila Fanny e o Coritiba possuírem o mesmo peso na hora de votar. “O poder e o peso de voto é feito e votado pelos filiados. Se algum se sente prejudicado, cabe convocar uma assembleia, colocar o tema em pauta e votar. Quando a gente entrou [Cordeiro participou como vice-presidente na administração Cury], já era assim”, afirma.

Ricardo MacDonald, secretário de governo da Prefeitura de Curitiba, membro da chapa de oposição, acha evidente que “existe um peso igual para situações diferentes” e que “essa regra tem de ser melhor debatida.” Mas, por enquanto, “temos de navegar nesse mar”, diz, conformado.