O Atlético colheu no final de 2014 o principal fruto de uma safra desabrochada no início de 2009. A venda de 50% dos direitos do atacante Marcelo por R$ 12,3 milhões, ao Doyen Group, carimbou financeiramente uma geração vitoriosa em campo vice-campeã da Copa São Paulo. Semanas antes, Douglas Coutinho foi vendido ao mesmo grupo, porém mais caro e com um tempo menor entre despontar e virar dinheiro em caixa. A revelação do Estadual de 2013 rendeu R$ 13,8 milhões.
A queda abrupta no tempo de espera deve-se a uma mudança na política de transição do clube. Em 2015, pelo terceiro ano seguido, o Atlético jogará o Paranaense com o sub-23. Ponto mais visível de um processo profundo, que, entre outras coisas, acabou com o tradicional time sub-20 e deu força ao sub-18.
"É uma transição de qualidade. Coloca os jogadores em nível profissional, mas sem a cobrança do principal", diz Ricardo Drubscky, coordenador das categorias de base em 2009 e técnico do time principal a receber a primeira fornada do sub-23, em 2013.
A nova estrutura foi desenhada pelo então dirigente Sandro Orlandelli e bancada pela diretoria. Mesmo com um primeiro turno ruim e a pressão para usar o time principal no returno, o presidente do clube, Mario Celso Petraglia, bancou o uso dos garotos. A "teimosia" fez Hernani, Edigar Júnio, Zezinho e o próprio Douglas Coutinho amadurecerem rapidamente. O time chegou à final, perdendo para o Coritiba.
"A direção chegou e disse que bancaria os garotos, que apostavam neles e iam acabar a competição. Não teria time principal", recorda Pedrinho Maradona, então auxiliar-técnico de Arthur Bernardes e hoje no Londrina. "O segredo é apostar no jogador. Se o Atlético não tivesse feito isso em 2013, o projeto poderia não ter funcionado", prossegue.
Em diversos momentos, Pedrinho e Drubscky, como funcionários da base, participaram de reuniões com a comissão técnica do profissional para discutir o trabalho desde a formação do Atlético. "Fazíamos reuniões semanais e discutíamos os trabalhos que iam ser aplicados no infantil, juvenil, juniores e também no profissional. Era o mesmo treino, com intensidades diferentes", lembra Maradona, que já estava no clube quando Geninho deu as primeiras oportunidades à geração de Marcelo e Manoel no profissional. Uma transição mais brusca, em que o garoto saía direto dos estádios vazios dos torneios de base para a pressão insana da Arena da Baixada.
"Temos uma fábrica de jogadores, mas somos muito ansiosos. A pressão é grande, queremos tudo para ontem", diz Drubscky, confiante em ver nomes como Marcos Guilherme e Nathan repetirem, com a mesma velocidade, o sucesso e o lucro de Douglas Coutinho.
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