O mundo árabe trouxe ao meia Tcheco muitos "petrodólares" e algumas mordomias, assim como problemas pelo choque cultural e a saudade de casa. Na balança do jogador (entre prós e contras), pendia ainda o ostracismo só suportado pela farta valorização financeira. Mas agora tudo mudou.
Campeão asiático pelo Al-Ittihad, de Jedah (Arábia Saudita), ele será o único brasileiro a defender um clube estrangeiro no Mundial de Clubes da Fifa. O torneio será disputado nas cidades japonesas de Tóquio e Yokohama, a partir do dia 11 de dezembro.
Além da equipe do Oriente Médio, estão habilitados para a disputa São Paulo (América do Sul), Sydney (Oceania), Liverpool (Europa) e Deportivo Saprissa (América Central e do Norte). O Al Ahli, do Egito, briga neste sábado com o Etoile Sportive du Sahel, da Tunísia, pela vaga africana.
"É um momento muito importante para todos nós. A ficha ainda não caiu para muitos jogadores e parte da torcida. Os árabes, por incrível que pareça, dão mais valor para essa competição internacional que nós brasileiros", descreve Tcheco, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.
Quando deixou o Coritiba, em setembro de 2003, o volante pensou apenas na conta bancária especula-se US$ 70 mil de salário. E não imaginava encerrar tal etapa com um momento privilegiado. "Estamos correndo por fora, porém com algumas chances reais. Vamos surpreender, sim", avisa.
Os atacantes Joseph Desire-Job, do Camarões, e Mohamed Kallon, de Serra Leoa, são outros dois trunfos do "azarão" vindo do Oriente Médio. "São dois grandes jogadores. Garantem na frente. Isto sem contar que a nossa defesa é muito sólida. Por isso acredito que temos a chance de entrar para a história. Tudo com os pés no chão", completa.
A partir de janeiro, ele está livre para voltar ao Brasil, situação que não sai da sua cabeça. "Tem uma cláusula no meu contrato prevendo isso. É muito difícil se adaptar à cultura árabe. No fim da temporada o mercado reabre e pretendo retornar. É certo que isso irá acontecer", diz. O esforço para suportar outra religião e costume já venceu a família, que preferiu continuar em Curitiba.
Na frustrada ida para o Santos (em janeiro deste ano), mais um motivo para brilhar no Interclubes do Japão. "Levei azar. Tive uma contusão e depois fui internado com broncopneumonia. Isto sem contar a má-fase que vivia o clube", lembra. "Espero com essa oportunidade dar a volta por cima, reerguer meu nome."
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