Colônia Quando Benedito Seviero compôs um dos hinos da vida noturna brasileira, não imaginava o quanto sua obra se encaixaria perfeitamente ao maior prostíbulo da Europa. Em Colônia, num bairro afastado do centro, doze andares de prazer recebem mais de mil homens por dia na versão standard da Boate Azul. O edifício pintado de anil em dégradé (um contraste com os tons pastéis de toda a cidade) de longe convida os clientes com uma adaptação do lema oficial da Copa do Mundo.
No Pascha, o tempo de fazer amigos transformou-se em "tempo de fazer amigas". Como indicam os dizeres sobre a foto enorme de uma moça seminua do lado de fora.
O tamanho da construção, entretanto, surpreende menos do que o universo reservado no interior. Num ambiente erótico desde a porta da frente, o local é o "escritório" e muitas vezes o lar de prostitutas de várias partes do mundo.
Logo na entrada, um cartaz promete. "Prazer garantido ou o seu dinheiro de volta." A frase é um lema da casa, onde a qualidade do serviço e a segurança dos clientes e das funcionárias estão em primeiro lugar.
Até 250 mulheres garantem o funcionamento do imenso "playgroud" de diversão masculina adulta. A boate tradicional do primeiro andar possui um bar self-service. Ao contrário das exorbitâncias cobradas no Brasil, a 25 euros (R$ 75) o cliente bebe a quantidade que desejar (champanhe está fora do cardápio) enquanto assiste aos tradicionais shows de dança e strip-tease. A filosofia é simples: quanto mais alcoolizado maior a chance de ele desfrutar dos outros serviços da casa e passar aos andares onde a Pascha realmente se diferencia.
Em corredores estrategicamente pouco iluminados, pintados de vermelho e sensualmente decorados, as prostitutas se expõem na frente dos quartos. Um condomínio do sexo.
Com lingeries ousadas, elas determinam seu próprio preço. O valor mínimo é 30 euros (R$ 90) por 20 minutos. Ninharia perto do gasto por alguns clientes. A casa já viu um freguês desembolsar 19 mil euros por 34 horas de divertimento.
As prostituas pagam para a gerência 170 euros por dia para usar os quartos. Algumas estão lá desde a reabertura da casa, há 10 anos. "Nos conhecemos há bastante tempo. Somos como uma família, colegas de trabalho", comenta com naturalidade o gerente Armin Lobscheid, há seis anos na função. Sério e reservado, ele se orgulha de conhecer as inquilinas pelo nome.
Para a búlgara Luzian (nome tatuado no braço esquerdo, só não se sabe se artístico ou de batismo), ele é mais do que um chefe. A moça, de 24 anos, junta dinheiro para montar uma floricultura no seu país. Lobscheid a ajuda com a papelada burocrática do negócio e envia a verba para a conta do marido, ciente de onde vem a parte feminina do orçamento familiar.
Mas a maioria, entre elas as três brasileiras freqüentadoras assíduas da casa, esconde moradia e profissão. Para as famílias distantes, as histórias são semelhantes e os empregos fictícios se dividem entre babá, ou em lanchonetes, hotéis e restaurantes.
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