O Iguaçu, de União da Vitória, protocolou um pedido de impugnação da Terceira Divisão do Campeonato Paranaense no Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR). O clube acusa outros dois participantes, Andraus e Grecal, ambos de Campo Largo, de conluio na última rodada da primeira fase, que definiu os classificados para o quadrangular final.
Na denúncia, o Iguaçu afirma que o Andraus deu dinheiro ao Grecal para não jogar a última rodada, beneficiando o Andraus, que garantiu a vaga na fase final. No último domingo (27), o Iguaçu enfrentaria o Grecal, em União da Vitória, precisando de uma vitória para se classificar. O Grecal não compareceu e perdeu por W.O.
Como foi o segundo W.O. do Grecal na competição, a equipe foi desclassificada do torneio. Desta forma, todos os times perderam os pontos dos jogos contra o Grecal. O Andraus havia empatado contra o Grecal. Já o Iguaçu ficou sem somar pontos e terminou a primeira fase na quinta posição, atrás do Andraus, o quarto.
Suspeita de fraude e "leilão" de W.O.
1.500 torcedores aguardavam no estádio Municial Antiocho Pereira, casa do Iguaçu, em União da Vitória, a partida contra o Grecal, marcada para as 15h30. Porém, o Grecal sumiu. Os diretores do Iguaçu tentaram contato durante à tarde com a diretoria do Grecal, mas não obtiveram retorno. Por volta das 18h, o clube de Campo Largo informou que a van quebrou na BR-277, impossibilitando chegar ao local no horário previsto.
“Foi feita toda uma encenação para o Grecal não chegar ao local. São vários fatores. Temos provas robustas e claras de manipulação”, garante o advogado do Iguaçu, Arthur Kampmann.
“Eles não atenderam as nossas ligações e só depois enviaram fotos falando que a van tinha quebrado. Só que eles foram socorridos por um carro da concessionária Rodonorte há apenas 12 km de Campo Largo, às 13h30. Eles saíram de Campo Largo depois do meio-dia para jogar às 15h30 em União da Vitória. Foi tudo armado. Isso quem nos passou foram atletas do próprio Grecal", acusou um dirigente do Iguaçu, que pediu sigilo de fonte.
"A armação não foi feita pelos jogadores. Foi feita pelos dirigentes. O Emerson Moraes, do Grecal, e o Nadim Andraus”, complementa o diretor.
Além disso, o dirigente do Iguaçu afirma que Emerson Moraes fez um leilão aos clubes exigindo R$ 7 mil para não concretizar o W.O.
Outro indício é que, segundo o advogado do Iguaçu, na sexta-feira, dia 25 de outubro, três dias antes da partida, Andraus e Grecal fizeram um amistoso para fechar o acordo de fraude.
Conforme previsto no regulamento, a FPF precisa ser avisada de qualquer amistoso entre as equipes. Através da assessoria, a Federação diz que desconhece a realização do amistoso. A Federação não quis se manifestar sobre a denuncia e mantém os jogos do quadrangular final marcado para o próximo domingo (3). Dois clubes sobem para a Segunda Divisão.
Já o presidente do TJD-PR, Adelson Batista, disse que recebeu a denúncia e encaminhou para a Procuradoria do Tribunal analisar. Até o fechamento desta reportagem, Batista afirmou que a rodada seria mantida.
Os acusados
A Gazeta do Povo procurou Emerson Moraes, dirigente do Grecal, e Nadim Andraus, dono do Clube Andraus Brasil.
O empresário Nadim Andraus não quis gravar entrevista, mas respondeu via Whatsapp que "não tem nada a ver com isso".
Nadim já é suspeito de manipulação de resultados. Em 2018, uma reportagem do Esporte Espetacular denunciou o dirigente de manipular resultados do próprio time para ganhar dinheiro em sites de apostas. Nadim negou as acusações através de uma nota oficial dizendo ser "vítima de perseguição".
Por sua vez, Emerson Moraes, dirigente de Grecal, já foi preso em 2008, conforme explica a matéria da Gazeta do Povo, por fabricar notas falsificadas de R$ 10, R$ 50 e R$ 100. O dirigente respondeu por áudio de WhatsApp após a publicação da matéria.
"Infelizmente aconteceu esse episódio, ninguém planejou. Estão falando um monte de bobeira, um monte de m... Quero ver provarem isso daí", afirmou Moraes.
"A gente queria jogar, todos os meus atletas queriam jogar... E estão colocando que a gente saiu meio-dia, isso não é verdade. A van chegou de manhã, foi feito almoço, saímos antes, com horário já tranquilo previsto pra chegar mais ou menos uma hora antes do jogo. Ela [van] já deu problema de aquecimento e depois parou em uma área que não tinha como entrar em contato com ninguém, não dava rede de celular. Por acaso passou um motorista com um caminhãozinho, ele parou e veio ver o que estava acontecendo. E esse motorista passou no pedágio e falou que estávamos parados antes daquele túnel. Quando chegou o socorro já tinha tempo que estávamos ali e o motorista da van tentando pedir socorro pra própria empresa dele... Eu tenho contrato de aluguel da van, comprante de pagamento. Eles fizeram a denúncia, TJD vai analisar e cabe a nós nos defendermos dessa situação".
Questionado sobre o horário de partida da van de Campo Largo a União da Vitória, Moraes não respondeu. Ele também não confirmou se Grecal e Andraus fizeram um amistoso três dias antes do W.O.
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