Um brasileiro tetracampeão paraolímpico vive agora a experiência de "astro" do cinema. Antonio Tenório da Silva não é um nome dos mais conhecidos pelo grande público. Mas deveria. Sua história de superação e dedicação ao judô deu origem ao documentário B1 Tenório em Pequim (Brasil/França/China, 2010, 99 minutos), que entra em cartaz hoje.
O filme, dirigido por Felipe Braga e Eduardo Hunter Moura, é uma boa oportunidade de conhecer o supercampeão. A película relata parte da preparação do judoca brasileiro, então com 37 anos, para o que viria a ser sua quarta medalha olímpica da categoria até 100 kg da classe B1 para aqueles que têm no máximo a percepção de luz.
Mas não é um documentário tradicional. Não tem narrador. Tenório vai contando o seu dia a dia, suas sensações como atleta. Mostra também a fraternidade entre os competidores, como sua amizade com o francês Olivier Cugnon Sevricourt e até com outros brasileiros, espécie de pupilos do campeão. Esse companheirismo tem como ambiente um treino entre representantes de vários países. Ansiedade e nervosismo nos momentos das lutas também aparecem com destaque.
Os produtores do filme conheceram o judoca no Parapan de 2007, no Rio de Janeiro. "Ele se impôs como personagem. Quem era esse cara que tão pouco se sabia, mas era superconsagrado no mundo do esporte? Veio aí a ideia de fazer o filme," disse Eduardo Hunter Moura, um dos diretores.
Algo que chama a atenção no filme é a proximidade com as lutas em Pequim. "A ideia de filmar os estágios em Broma [cidade francesa onde várias delegações, inclusive a brasileira, fizeram estágios] e a Paraolimpíada foi abraçada por todas as associações internacionais. É uma plataforma única. Não seria exagero falar que é o maior registro do universo. Estivemos onde nenhuma câmera esteve," contou o produtor Gustavo Gama Rodrigues. A equipe adquiriu os direitos de transmissão da competição para ter o acesso irrestrito e contou com colaboração da organização dos Jogos e da Federação Internacional de Judô.
Antonio Tenório começou no judô antes de perder a visão completamente aos 19 anos e adaptou-se ao judô paraolímpico após alguns meses. Ele torce para que o documentário ajude o esporte. "O filme é uma boa ideia dos diretores e servirá como legado. O judô é muito bom para deficientes visuais, por ser um esporte tátil. No Nordeste, a gente vê muita gente fazendo jiu-jitsu e já levei três para o judô", afirmou o tetracampeão olímpico.
Um aspecto técnico bem explorado no filme é o som. E com um motivo bastante evidente. "Pensamos em um filme que pudesse emocionar o espectador que não vê. Pudesse emocionar o Tenório," disse Gama Rodrigues.
Serviço:
B1 Tenório em Pequim entra em cartaz no Unibanco Arteplex, no Shopping Crystal. Classificação 12 anos. Exibição digital às 18 horas.
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