Weggis, Suíça A invasão de torcedores no gramado do Estádio Thermoplan escancarou ontem a falta de privacidade e paz da seleção em Weggis. Às vésperas da Copa do Mundo, o time de Carlos Alberto Parreira trabalha e se concentra à base de incessantes gritos, aplausos e, agora, abraços.
Minutos após o término do primeiro trabalho tático do grupo, a potiguar Sheila Soares, 31 anos, há dez residindo em Kirecheberg (próximo de Zurique), onde diz ter uma boutique de roupas, pulou o alambrado e foi direto agarrar o ídolo Ronaldinho Gaúcho. A cena foi tragicômica. Ela em cima do craque, com Robinho (rindo muito) atirando um colchonete sobre os dois.
Na seqüência, outros torcedores desafiaram a segurança do local. Cerca de dez pessoas tentaram chegar perto dos ídolos. Um deles brincou de tourada com os seguranças e levou ao delírio parte dos quase 5 mil espectadores da atividade.
No saldo final, apenas cinco pessoas foram detidas, inclusive a fã que se debruçou com o camisa 10.
"Não me arrependo. Faria tudo de novo. Dei um beijo e rolei na grama com o meu ídolo", desafiou Sheila, já algemada.
A moça deixou a delegacia quase 1h30 depois da ousadia. Como sofre de bronquite asmática, precisou de socorro médico. Quando se viu livre dos agentes, mandou o recado. "Também vou no jogo do Brasil na Alemanha. Se deixarem, invado de novo."
Dos outros quatro envolvidos, apenas um, por destratar os policiais, seguiu preso.
O desenrolar desse episódio deixou Ronaldinho Gaúcho, sempre solícito, visivelmente irritado. Se já havia sido motivo de piada entre os colegas, enquanto ele deixava o campo de treinamento uma bola partiu da arquibancada (lançada por alguém à espera de um autógrafo) e acertou em cheio a sua cabeça. A partir daí, com a cara amarrada, não deu mais atenção aos apelos dos admiradores.
Na terça-feira, em entrevista coletiva, Parreira havia alertado que não iria tolerar excessos no contato de populares com a equipe nacional. Garantiu até que se isso ocorresse fecharia os portões do estádio. Ontem, após o episódio, contemporizou em entrevista ao site da CBF.
"Isso (a invasões) não afeta em nada (a programação da seleção), não atrapalha em nada", afirmou. "Estamos acostumados com esse tipo de coisa. É algo normal", reforçou o assessor de imprensa da entidade, Rodrigo Paiva.
Caso o treinador considere o fato como inaceitável, estará causando um problema sério para a empresa que tutelou os pentacampeões do mundo na Suíça: a agência de marketing esportivo Kentaro, com sede em Londres. Todos os ingressos estão negociados (a 20 francos-suíços, ou R$ 34). O montante arrecadado pelos britânicos para os 14 treinos incluindo direito de arena e placas de propaganda chega à casa de 3 milhões de francos-suícos (R$ 5,1 mi).
Hoje o time tem dois encontros com a torcida no Thermoplan. Para o período da tarde (11h45 no horário de Brasília), está programado o primeiro coletivo. Amanhã pode ocorrer jogo-treino com os juvenis do Fluminense, em excursão pela Europa.
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