O Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) vai vasculhar os últimos cinco anos do futebol paranaense. Na avaliação do órgão, há indícios de que a suposta quadrilha da arbitragem vem agindo deliberadamente desde 2000.
Ontem à noite, o procurador Davis Bruel denunciou 13 pessoas ligadas ao possível esquema de estelionato no apito (ver infográfico). Justamente a partir desses nomes será feito o rastreamento para averiguar a existência de manipulação dos resultados e a consequência histórica disso.
O processo passa inclusive pela intimação de Onaireves Moura, presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Ele terá de prestar esclarecimentos sobre as fraudes apuradas durante esse período da sua administração. Solicita-se ainda todo o retrospecto (ficha técnica e classificação) da Série Ouro e Prata.
Durante o anúncio do grupo que irá sentar no banco dos réus (o julgamento de todos foi agendado para o dia 10 de outubro), foi revelado ainda a chegada de mais uma confissão de suborno encaminhada ao TJD. Um dirigente, com o nome ainda preservado pelo Tribunal, garantiu ter dado dinheiro a um apitador para vencer partida da Segundona estadual em 2000.
Na mesma temporada, o judiciário da bola conseguiu juntar elementos que envolveriam uma partida entre Batel, de Guarapuava, e Rio Branco briga direta contra o rebaixamento. Na ocasião, o juiz Antônio Salazar Moreno (um dos denunciados) teria se sujeitado a agir de má-fé. Antes da partida, ao tomar conhecimento disso, a Comissão de Arbitragem o substituiu da escala.
O TJD não descarta incluir o instituto da "delação premiada" (um atenuante na pena para quem entregar comparsas) para chegar a novos casos de corrupção. Todos os citados correm o risco de eliminação do futebol.
Conforme o rito do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), os 13 denunciados têm a partir de agora três dias (segunda-feira, se a entrega cair no fim de semana) para apresentar a defesa por escrito. "Vamos dar a eles a mais ampla defesa, mas eliminaremos aquilo que de podre existe no nosso futebol", disse Bortolo Escorsim, presidente do órgão.
Se ao longo do processo forem encontradas mais ações em desconformidade com a lei, será aberto outro inquérito. "Pois não queremos atrapalhar este que foi encaminhado", explicou o jurista. "A aparição de elementos inéditos é muito provável. Afinal, iremos encaminhar uma notícia-crime ao Ministério Público Estadual, que tem poderes para quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico dos suspeitos."
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