O Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) condenou ontem mais quatro envolvidos no suposto esquema de corrupção na arbitragem – o chamado "mensalão do apito". Dos 13 citados por envolvimento no caso, oito estão agora eliminados do futebol.

CARREGANDO :)

Antônio Salazar Moreno, Marcos Tadeu Mafra, Sandro da Rocha (todos juízes de futebol) e Johelson Pissaia (diretor da Federação) foram os punidos com a revisão do veredicto inicial. A lista dos banidos já trazia os dirigentes Sílvio Gubert (do Operário), Gílson Pacheco (Rondon), Genézio Camargos (Foz), além de José Francisco de Oliveira (ex-árbitro).

Pelo sistema processual na esfera esportiva, esse grupo terá uma última chance de defesa no STJD, a instância final. No fim do mês, vencidos todos os prazos burocráticos, o processo será encaminhado então ao tribunal superior. Calcula-se que a sessão definitiva ocorrerá no término de novembro ou início de dezembro.

Publicidade

Assim como os apenados, os absolvidos – Carlos Jack Rodrigues Magno (juiz recém-aposentado), Amorety da Cruz (presidente do sindicato dos árbitros), Fernando Homann, Valdir de Souza e Antônio Carvalho (trio de ex-chefes do apito local) – também voltarão ao banco dos réus. A procuradoria já declarou que irá recorrer dessas decisões. Todos ainda correm o risco de exclusão.

Mas para reforçar a lista de condenados houve uma sessão tensa ontem à noite no TJD. Era necessário rever uma questão de direito para mudar o rumo da primeira sentença. Discutiu-se então se o voto do presidente da mesa tinha peso dois ou não – conforme divergência do artigo 131 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Como venceu a primeira opção, quem antes havia sido beneficiado pelo empate acabou prejudicado.

A polêmica votação do tema mostrou novamente uma clara divisão entre os auditores. Uma vitória apertada por 5 a 4 alterou o rumo da história. Logo que revisto o parecer inicial, Otacílio Sacerdote Filho – responsável pelo inquérito – levantou-se para aplaudir. A reação de Domingos Moro – o advogado de três dos citados – também foi de rompante. Indignado, o ex-diretor do Coritiba deixou a sala aos gritos. "Retroagiram contra os réus", cobrou.

O desabafo teve como base um princípio jurídico: as penas só podem retroagir para beneficiar o infrator, jamais para prejudicá-lo. "Foi um circo", atacou. Moro também questionou o fato do auditor Valério Vanhoni, ausente no primeiro julgamento, comparecer ontem (quando teve voto decisivo pela condenação). "Como pode isso? Deveria ter se declarado impedido. Um absurdo..."

Justiça comum

Publicidade

Ontem à tarde, Escorssim entregou ao chefe da Procuradoria de Investigações Criminais (PIC), Mílton Riquelme, o inquérito do mensalão do apito. Agora, o caso será apurado pela justiça comum, com possibilidade de quebra de sigilos bancário, telefônico e fiscal.