Passados 17 dias da barbárie no Couto Pereira, o estudante de gastronomia, Anderson Rossa Moura, de 19 anos, segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba. O torcedor foi atingido na cabeça por um tiro de bala de borracha disparado por uma arma da Polícia Militar durante a confusão generalizada depois da partida entre Coritiba e Fluminense, em 6 de dezembro, pela última rodada do Campeonato Brasileiro de 2009.
De acordo com informações da assessoria de imprensa do hospital, Anderson segue na UTI para recuperação de traumatismo craniano. Segundo os médicos, ainda não há previsão de alta. Na segunda-feira, o torcedor voltou à sala de cirurgia. Ele foi submetido a um procedimento que já era previsto nas etapas de recuperação. "Vamos passar o Natal e o Ano Novo junto com ele. Vamos ficar rezando para a recuperação do Anderson na capela do hospital", disse o corretor de seguro André Rossa Moura, de 26 anos, irmão do estudante baleado.
Sem conseguir esquecer as imagens de selvageria no Couto Pereira, André diz que visita o irmão quase todos os dias, mas teme pela vida do estudante. "No começo, as notícias eram cada dia umas piores que as outras. Agora os médicos estão dizendo que ele está se recuperando, graças a Deus. Tudo que aconteceu mexeu demais com a nossa família. Quando ele melhora, nós ficamos bem. Quando ele está mal, a gente fica pior. Minha mãe sofre mais com isso. O meu pai procura manter o equilíbrio da situação, mas não é fácil".
O consultor de imóveis lembra em detalhes o dia da tragédia que acometeu a família Rossa Moura. "Eu e meu irmão entramos no estádio e ficamos no segundo anel. Quando começou a confusão era gente correndo pra todo lado. Eu desci e fui ajudar a carregar uma pessoa que estava ferida, foi nessa hora que me perdi do meu irmão. Eu não sabia que o Anderson estava no anel de baixo, perto do alambrado. Ele ficou na linha de tiro da polícia. Só fiquei sabendo de quem se tratava quando localizaram o celular de um torcedor que havia sido atingido por uma bala de borracha. Para minha tristeza, era meu irmão", recorda André, garantindo que ambos não fazem parte de torcida organizada e nem frequentavam assiduamente o Couto Pereira.
Além do estudante Anderson Rossa Moura, outras oito pessoas ficaram feridas no dia do jogo entre Coritiba e Fluminense. A enfermeira Tânia Regina da Silva, de 43 anos, teve três dedos amputados depois de uma bomba explodir na mão dela. O artefato foi atirado pela janela por "torcedores" do Coritiba que emboscaram o ônibus em que ela estava com a mãe, em Pinhais, na região de Curitiba.
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