Atualizado em 18/11/2006, às 19h50
A atual situação do Coritiba na disputa por uma vaga na Série A do Campeonato Brasileiro em 2007 é extremamente complexa, mas há alguns meses a tarefa era considerada simples. Depois que terminou o 1.º turno na liderança da competição, o alviverde precisava apenas de 7 a 8 vitórias nas 19 partidas que viriam, mas um "apagão" generalizado e quase inexplicável dificultou muito esse objetivo.
Os resultados positivos não vieram e pontos preciosos foram perdidos em casa. A torcida - que já guardava uma mágoa da atual diretoria pelo rebaixamento da equipe no ano passado - viu esse sentimento crescer a cada jogo tornando-se quase insustentável. Em enquete realizada na última semana pela Gazeta do Povo Online, antes do jogo contra o Gama, 78% dos torcedores do Coritiba já afirmavam não acreditar que o time conquiste a vaga na Série A no ano que vem, enquanto 22% ainda sonhavam.
Revoltado com a situação do seu time do coração, o bancário Ricardo Fernandes resolveu protestar. Lançou uma idéia na lista de discussão do site Coxanautas.com.br e ganhou o apoio da grande maioria. Resultado? Uma manifestação que deve reunir pelo menos 3 mil torcedores foi agendada para o dia 25 de novembro.
"A adesão do pessoal ta muito boa e realmente surpreendente. Calculamos que entre 3 e 5 mil torcedores vão participar deste protesto que é apolítico e será pacífico, com certeza". A intenção dos manifestantes é pedir que o atual presidente Giovani Gionédis peça a renúncia, assim como todos os seus pares de diretoria.
Se o presidente não renunciar espontaneamente, os torcedores vão tentar apelar por um processo de impeachment. "Na verdade vamos esperar que ele saia voluntariamente. Se não obtivermos êxito, vamos colher assinaturas e fazer um abaixo assinado pedindo a sua saída pelo bem do Coritiba", explicou Fernandes. Como a reportagem da GPol não conseguiu falar com o presidente Gionédis, que estava junto com a delegação em Brasília, o vice-presidente André Ribeiro explicou que a manifestação é mais uma manobra de oposição. "Temos tido, ao longo do campeonato e próximo de uma partida decisiva, novidades como essa. Sempre antes de um jogo importante lançam uma bomba".
Ribeiro defende a manifestação democrática. "Nunca fomos contrários a nenhuma manifestação e a diretoria nunca vetou este tipo de protesto, desde que não atinja o patrimônio do clube. Mas é gozado que isso surja sempre antes de um jogo importante. Parece uma questão orquestrada. O triste é ver que sempre são os mesmo líderes de oposição que aparecem nesta hora. É uma pena para o Coritiba".
O representante dos torcedores faz questão de dizer que o protesto não tem nenhum envolvimento político. "Eu decidi faz o protesto porque estou revoltado com a situação do meu time. Não conheço ninguém da diretoria e nem da oposição. Recebi apoio das torcidas do Coxa e pelos sites que apóiam o time. O conselheiro Ricardo Gomyde, por exemplo, manifestou apoio ao movimento, mas só por recados na Internet".
A concentração
Os torcedores vão fazer uma espécie de "concentração" como se fosse para um logo de futebol na praça 19 de Dezembro, no Centro de Curitiba, por volta das 11h. Resgatando o ato realizado a cada título do time, a torcida pretende vestir uma faixa na estátua do "Homem Nú", mas dessa fez ao invés da frase "Coritiba Campeão", o teto será "Fora Gionédis".
Depois os torcedores irão até o estádio Couto Pereira com as caras pintadas de preto, gritando palavras de ordem e pedindo a saída do presidente do Coritiba. "Todo mundo que não quer o Gionédis lá vai estar no movimento. Se ele aparecer, vamos deixar ele subir no caminhão para falar. Mas se não renunciar, vamos pedir a sua saída imediata", concluiu Fernandes.