Vicente Del Bosque, técnico da Espanha, brinca com a Cafusa durante treino na Arena Pernambuco| Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Organização

Torcida leva até 3h30 para ter o ingresso

Assistir ao duelo entre os campeões mundiais Espanha e Uruguai exigiu dos torcedores uma espera de 3 horas e meia. Esse foi o tempo médio perdido, ontem, na fila do único local de retirada dos ingressos no Recife, no estacionamento de um shopping. Detalhe: a espera era maior entre aqueles que agendaram a retirada no site da Fifa.

"Agendar foi muito pior. Tem só um guichê atendendo quem agendou e três para quem veio na hora", reclamou o médico Hugo Rabello, que enfrentou duas filas (duas horas e quarenta minutos na primeira, que passou o dia inteira com cerca de 400 pessoas na espera, e 50 minutos na segunda) para retirar os quatro ingressos que comprou para a partida.

O servidor público federal Rodrigo Carriço e a advogada Raíssa Amorim contabilizavam espera similar para retirar os ingressos de Brasil x México, quarta-feira, em Fortaleza. "Somos de Natal, que é uma cidade-sede da Copa, mas não tem retirada. Achamos melhor vir para cá, que é mais perto, do que enfrentar fila em Fortaleza no dia do jogo. No fim, não adiantou nada", reclamava Carriço, que desembolsou R$ 228 por cada um dos ingressos.

Além da fila dos ingressos, os torcedores devem encontrar dificuldade para chegar ao estádio. A BR-101, uma das vias de acesso, está cheia de buracos. A BR-203, que desemboca na Arena, foi duplicada, mas não tem como suportar um grande fluxo de veículos. Por isso a organização está orientando os torcedores a seguir de metrô – transporte que até sexta-feira esteve ameaçado, por causa da possibilidade de greve dos metroviários.

Quem for ao estádio de carro, terá de pagar R$ 40 para parar em um estacionamento e seguir a pé até a arquibancada. Encontrará uma Arena com vários acabamentos por fazer, muito material de construção empilhado no entorno, cheiro de cimento fresco no ar e fiações penduradas.

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Espanha e Uruguai foram semifinalistas da Copa do Mundo de 2010 e ganharam a última edição de seus torneios continentais. Na Copa das Confederações, porém, as duas seleções que abrem o Grupo B neste domingo (16), às 19 h, na Arena Pernambuco, recebem tratamentos totalmente opostos. Enquanto a Fúria tem uma estada de campeã mundial no Recife, a Celeste enfrenta percalços típicos de time pequeno.

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A diferença ficou evidente ontem, véspera do jogo. Os espanhóis fizeram um treino de reconhecimento do gramado, fechando uma preparação que, nas palavras do goleiro Iker Casillas, tem sido fenomenal. O Uruguai recusou a atividade oficial programada pelo Comitê Organizador. Preferiu treinar pelo segundo dia seguido no CT do Sport e mandou ao estádio apenas o seu técnico, Óscar Tabárez, para cumprir a obrigatória entrevista coletiva. "Uma decisão da comissão técnica, mas com o apoio dos jogadores. Tivemos um deslocamento muito cansativo para treinar na sexta-feira. Seriam mais 40 minutos para ir e 40 para voltar", explicou o capitão uruguaio, Diego Lugano.

A insatisfação do Uruguai começou na quinta-feira. A equipe havia agendado um treino para o Arrudão, estádio do Santa Cruz, mas cancelou a atividade ao perceber o péssimo estado do gramado. Sem um campo à disposição, ficou em uma academia.

Chegou a receber a oferta da organização para treinar por 45 minutos no CT do Náutico. Tabárez recusou ao saber que a Espanha teve uma hora e meia de atividade no mesmo local. A solução foi treinar no CT do Sport, cujo acesso é feito por uma estrada de terra, que estava coberta de lama.

A gota d’água foi na sexta-feira, quando a Fifa confirmou o treino de reconhecimento para ontem à noite. Na avaliação de Tabárez, algo que prejudicaria o descanso dos jogadores. Por isso a decisão de voltar ao local de treinamentos do Leão. "Sem dúvida faltou respeito conosco", reclamou o volante uruguaio Walter Gargano.

Sem o treino de reconhecimento, o Uruguai fará o primeiro contato com o gramado somente hoje, minutos antes do jogo, enquanto a Espanha já terá realizado uma sessão de treino no local. "Estamos acostumados a essa situação no futebol sul-americano. O gramado é bem mais baixo, porém é um problema menor para nós do que o próprio jogo da Espanha", atenuou o meia Cristian Rodríguez.

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O gramado da Arena Pernambuco é da mesma especialidade e cuidado semanalmente pela mesma empresa que atende o Camp Nou, do Barcelona. Na quinta e sexta-feira, a Fúria teve o contato com o mesmo terreno no CT do Náutico, onde foi cultivada a grama transportada em março para o estádio; outro campo recebeu o mesmo material. Apesar da vantagem teórica, Xavi, um dos nove barcelonistas convocados, ainda fazia ressalvas ao terreno na entrevista pré-jogo.

"Nos preocupa muito [o gramado], é um tema fundamental. Parece que está bom, teve um problema no sistema de drenagem. Então espero que o molhem para que possamos oferecer um bom espetáculo", afirmou o armador, que tem na ponta da língua a receita para o jogo de hoje. "Vamos ao ataque, o sistema não muda. Será a Espanha controlando a bola e buscando o protagonismo."

Sobre as dificuldades enfrentadas pelo Uruguai, os espanhóis foram céticos. Casillas lembrou que a Fúria também treinou em um campo alagado. "Eles vão competir, vão lutar, são Uruguai. Sabemos quem são", disse o goleiro, que também fez ressalvas sobre a organização no Recife. "Ainda tem coisas a finalizar nos trajetos, no estádio e nos locais de treinamento."

História

Espanha e Uruguai se enfrentando em um torneio da Fifa no Brasil não é uma situação inédita. No dia 9 de julho de 1950, as duas equipes abriram, no Pacaembu, o quadrangular final da Copa do Mundo. Ghiggia, que se tornaria o carrasco brasileiro no jogo decisivo, abriu o placar. Basora empatou e virou para a Fúria. Aos 28 do segundo tempo, o capitão uruguaio, Obdúlio Varela, selou o 2 a 2.

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