Opinião
Martírio sem fim
Adriana Brum, repórter
Às vésperas do início do Estadual, falávamos na redação que este seria um ano difícil para o Paraná. Mas nem de longe imaginávamos que seria tão trágico. O time é lanterna absoluto, com a pior campanha da sua história. Pior, confia em um futuro incerto, com a vinda de jogadores nos quais é difícil fazer uma aposta de solução. O clube também ainda não tem a certeza de quem será o novo técnico mas deve ser confirmado Ricardo Pinto e de onde virá a verba para resolver a crise financeira.
Ontem, ao ver a oitava derrota na competição se concretizar, fiquei imaginando o que se passava na cabeça de Ageu, ex-zagueiro do clube, atual técnico interino e, talvez, um dos únicos que ainda têm esperança na Vila Capanema.
Ele é o último representante dos tempos de glória do Tricolor que ainda está no clube. Fico imaginando como é participar do naufrágio do time que ajudou a ser, nos anos 1990, grande. Nem com toda boa vontade ele consegue reverter a situação. Ontem, Ageu viu novamente a derrota logo nos primeiros minutos do jogo foi assim contra o Iraty, em sua estreia , com um time que tentou, mas, de novo, mostrou não ter poder (efetivo) de reação.
O Paraná mostrou diante do Arapongas as mesmas dificuldades que fizeram a equipe somar apenas dois pontos após disputar 30 neste Paranaense (aproveitamento de 6,6%). Lanterna, o clube perdeu por 1 a 0 para o time da Região Norte e flerta perigosamente com o rebaixamento.
Mesmo que vença o jogo dos desesperados contra o Cascavel, no próximo fim de semana, na Vila Capanema, a última posição não sairá das mãos tricolores ao fim do primeiro turno. Antes, os paranistas encaram o Gurupi, quarta-feira, na Vila, pela Copa do Brasil.
Desde que bateu o Asa (13/11), em Arapiraca, o clube disputou 13 jogos oficiais. Ao todo, contabilizou quatro empates e nove derrotas.
"Fomos nós que colocamos o Paraná nesta situação e agora temos de tirar. Para nós é muito vergonhoso passar por isso", desabafou o goleiro estreante Thiago Rodrigues.
A equipe ofensiva montada pelo técnico interino Ageu Gonçalves para jogar no Estádio dos Pássaros se desestabilizou ao tomar um gol aos 10 minutos do primeiro tempo. Foi a quarta vez seguida neste Estadual que o Tricolor ficou em desvantagem antes dos 15 minutos de partida.
Dentro de campo, a bola rolava com dificuldade. A cada passo dado no gramado, o rastro de areia levantado pelos atletas chamava mais atenção do que as próprias jogadas. "Não se trata de desculpa por causa da derrota, mas isto aí é contra o futebol. O jogador sai exausto. Não sei como o estádio foi liberado. Já sabíamos das condições de Arapongas, mas isso atrapalha", seguiu Ageu.
O Tricolor, quando chegava com perigo ao ataque, não demonstrava confiança para finalizar. No entanto, na maior parte do tempo o Arapongas não deu espaço e envolveu a zaga parananista.
Com o time instável emocionalmente e desorganizado no meio de campo, a equipe tentava chegar ao gol de Danilo por meio de ligações diretas, enquanto um compacto Arapongas dava trabalho para a defesa nos contra-ataques.
"O time estava ansioso na hora de finalizar e de defender. São erros decorrentes da juventude, mas jogadores mais experientes devem chegar para comandar os garotos. Eles têm se doado, mas só doação não vai solucionar o nosso problema. A bola tem que entrar", fechou o técnico ao sair do campo.
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