O Paraná ficou no "se" ontem. Se não fosse a trave (três vezes) e se o atacante Borges tivesse convertido a penalidade que sofreu, o time teria vencido o desmotivado Santos, em São Paulo. Mas nada deu certo e o 0 a 0 serviu apenas para o Tricolor sétimo colocado com 58 pontos ficar ainda mais próximo da Copa Sul-Americana. Um tropeço da Ponte Preta hoje, diante do Coritiba garante matematicamente a equipe na competição internacional. Domingo o adversário é o Flamengo, às 16 horas, no Pinheirão.
O mórbido clima do Pacaembu deserto, sem torcida, influenciou o futebol de Paraná e Santos no começo do jogo. Sem inspiração, as equipes pouco criaram. A partida se resumiu, até os 30 minutos, a um pênalti não assinalado pela arbitragem em cima do lateral-direito Neto, que chegou a ficar sem a chuteira. Já o Peixe se resumia aos espasmos de criatividade de Ricardinho. A rigor, o meia foi único que tentou incomodar o goleiro Flávio.
Com o adversário abatido, desfalcado das estrelas Giovanni, Luizão e Cláudio Pitbull, o Tricolor aos poucos foi se acertando em campo. Um chute torto de Tiago Neves, aos 31 minutos, foi a senha para o time encurralar os comandados de Nelsinho Baptista.
A dupla Neto e Borges começou a infernizar o goleiro Mauro. Amigos inseparáveis, Neto já deixou claro que irá fazer de tudo para ver o companheiro terminar o campeonato como artilheiro do Brasil. Na primeira tentativa, os protagonistas inverteram os papéis. Acostumado a finalizar, Borges deu uma de pivô e, com um passe precioso, ajeitou a bola para camisa 2 concluir. Atento, Mauro jogou para escanteio (32).
Nove minutos depois, o lance mais bonito da partida. Já em suas funções originais, Neto foi à linha de fundo e cruzou para trás. Numa jogada genial, Borges girou em cima do zagueiro e chutou de primeira. Caprichosamente, a bola bateu na trave e saiu. "É a tal da sorte. Tem dia que a bola bate na trave e entra. Hoje (ontem), não deu certo", explicou o atacante.
Se os deuses da bola trabalhavam contra, o vice-artilheiro do Brasileiro com 19 gols também não colaborava. Displicente, desperdiçou o pênalti que sofreu na segunda etapa (16). Mauro defendeu.
A vilã trave apareceu ainda mais duas vezes no caminho tricolor, ao impedir os gols de Sandro e Neto.
No fim, o placar entrou em harmonia com a vazia e silenciosa arquibancada. "É brincadeira. O time não pode perder tantos gols assim", definiu o técnico Luiz Carlos Barbieri.
Em São Paulo
Santos 0Mauro; Zé Leandro, Matheus, Rogério e Carlinhos (Wendel); Fabinho, Rossini, Ricardinho e Luciano Henrique (Rivaldo); Frontini (Giovanni) e Geílson.Técnico: Nelsinho Baptista.
Paraná 0Flávio; Neto, Daniel Marques, Aderaldo e Edinho; Pierre (Rafael Mussamba), Mário César, Beto e Tiago Neves (Éder); Sandro e Borges.Técnico: Luiz Carlos Barbieri.
Estádio: Pacaembu. Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF). Amarelos: Frontini e Geílson (S); Beto (P). Público e renda: portões fechados.