Opinião
Sem criatividade, Paraná sofre para embalar
Gustavo Ribeiro, repórter
Ao contrário das vitórias anteriores, o Paraná enfrentou várias dificuldades para passar pelo Corinthians-PR. O jogo simplesmente não fluiu, com o ataque inoperante e o meio de campo sem criatividade. Tanto Diego quanto Kelvin criaram pouco pelas pontas e Renato esteve muito abaixo do que já apresentou.
O que mais fez falta ao Tricolor foi um jogador para municiar o ataque. Esse papel seria de Kerlon, que estreou apagado e visivelmente sem ritmo de jogo. Nem mesmo as investidas dos laterais foram vistas.
A impressão é quefaltou perna ao Paraná.
Por outro lado, novamente a defesa se destacou com a boa dupla Luciano Castán e Rodrigo Defendi, além da marcação sempre forte de Luiz Camargo. Vale destacar também a atuação do goleiro Thiago Rodrigues, fundamental para manter a meta zerada, principalmente na primeira etapa.
O técnico Ricardo Pinto tem seus méritos nessa arrancada paranista, mas ainda precisa encontrar um equilíbrio entre defesa e ataque, setores que ficam muito afastados, deixando o adversário com o domínio no meio de campo.
Kerlon estreia
Antes da partida, todos os olhos estavam voltados para o atacante Kerlon, que, enfim, fez sua estreia com a camisa do Paraná. Apesar de discreto, o jogador arrancou alguns gritos de olé da torcida e também preocupou após algumas entradas mais fortes dos adversários. Nada que tirasse a confiança do Foquinha. "No futebol estamos sujeitos a tudo, a qualquer tipo de porrada. Estou habituado com isso, é coisa de jogo mesmo. O que tenho de fazer é levantar e partir para outra jogada", comentou o atleta, que, segundo ele próprio, não jogava há mais de seis meses. O drible que dá apelido ao camisa 7 tricolor ainda não reapareceu.
Turno novo, vida nova. Foi com esse espírito que o Paraná entrou em campo ontem, no Ecoestádio, para enfrentar o Corinthians-PR. Querendo esquecer a primeira parte do Paranaense, o Tricolor aproveitou o bom momento que atravessa desde a chegada do técnico Ricardo Pinto e encaixou o segundo triunfo consecutivo na competição e o terceiro no ano.
Dessa vez, o ataque não foi tão efetivo, mesmo com a estreia do "foquinha" Kerlon (leia mais abaixo), mas fez o suficiente para vencer por 1 a 0 gol de Léo e deixar a incômoda lanterna, que perseguia o time da Vila Capanema desde o início do campeonato.
A vitória não veio com a mesma facilidade dos últimos resultados positivos. Contra Gurupi-TO e Cascavel, a falta de qualidade dos adversários ajudou o Paraná a deslanchar e mostrar um bom futebol. Já contra o Timãozinho, as dificuldades voltaram a aparecer e a falta de experiência veio à tona no momento em que a equipe tinha dois jogadores a mais em campo e com o placar a seu favor.
O treinador Ricardo Pinto admitiu que o Tricolor não soube se impor com a superioridade numérica, mas, em vez de analisar as dificuldades, preferiu apontar os pontos positivos do time, principalmente o setor defensivo, que segue invicto sob seu comando. "Arrumar a cozinha era prioridade. Estou muito contente com a defesa, que está ótima, mais concentrada, sem dar espaço e acompanhando forte na marcação."
Apesar de manter o discurso pé no chão, de que nada está ganho, o comandante tricolor já fala até em título no segundo turno. "Agora o papo é outro. Sair da zona do rebaixamento é a prioridade, mas podemos surpreender e chegar na ponta. Agora vem uma Copa do Mundo e temos de mostrar para que viemos", comparou. Para alcançar o topo, entretanto, pede reforços. "O elenco é modesto e com condições de brigar, mas temos de contratar."
O triunfo deixou o Paraná com oito pontos na classificação geral somando os dois turnos e a apenas dois a menos que o Rio Branco, próximo adversário e primeiro fora da zona do rebaixamento, com 10. Por isso, a partida da quarta-feira terá ares de decisão para o Tricolor, que perdeu para o time de Paranaguá no primeiro turno. Só que a equipe receberá o Leão da Estradinha com dois desfalques certos: o volante Anderson, expulso, e o lateral esquerdo Henrique, com uma lesão muscular na virilha.