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 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Os entrevistadores

Arthur – Bicampeão paranaense de vôlei de praia. Em 2008, treinou com Emanuel em João Pessoa.

Bernardinho – Técnico da seleção de vôlei. Ouro em Atenas-2004 e prata em Pequim-2008.

Clésio Prado – Primeiro parceiro de Emanuel, em 1991.

Giba – Ouro em Atenas, prata em Pequim na quadra e ex-companheiro de Emanuel no Curitibano.

Leila – Ex-jogadora de vôlei e mulher de Emanuel.

Pedro Hesketh, o Pedrão – Primeiro técnico de Emanuel.

Raphael – Parceiro de Artur.

Ricardo – Atual parceiro de Emanuel.

Sandra Pires – Jogadora de vôlei de praia, medalha de ouro em Atlanta-96, ao lado de Jaqueline.

Zé Marco – Parceiro de Emanuel entre 1994 e 1997.

A mulher Leila; Clésio, Zé Marco e Ricardo, parceiros em momentos diferentes da carreira; o primeiro técnico Pedrão; os ícones do vôlei Bernardinho e Sandra Pires; os pupilos Arthur e Raphael; o amigo Giba. Um ataque poderoso, capaz de deixar o campeão olímpico Emanuel sem defesa. A pedido da Gazeta do Povo, cada um destes dez personagens do vôlei fez uma pergunta a Emanuel, que está na cidade para a disputa da etapa curitibana do Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia. Uma entrevista que fez o ídolo da areia abrir o coração.

"Foi como fazer uma viagem na minha própria história. Se pudesse entrevistar alguém, talvez fizesse as mesmas perguntas", disse, à vontade.

Ricardo – O que aprendeu de positivo e de negativo em cada uma das Olimpíadas que participou?

O Ricardo sabe essa resposta (risos)... Na primeira Olimpíada, em 1996, fui com o Zé Marco. Eu tinha 23 anos e realmente não estava preparado para a Olimpíada. Não é só chegar lá e jogar como se fosse mais um campeonato. Tirei foto de tudo, para mim, era mais uma festa. Em 2000, aprendi que um time tem de ser forte dentro e fora da quadra. Eu tinha um time muito forte com o Loiola dentro da quadra, mas fora dela a gente era totalmente separado. Em 2004, foi exatamente colocar em prática o que aprendi nos outros dois Jogos. Com o Ricardo, tinha um time forte dentro e fora da quadra e tínhamos a experiência de já ter jogador muito juntos. Em 2008, tentei fazer mais ou menos o que a gente fez em 2004 e percebi que não dá para fazer a mesma coisa. Tem de ter algo a mais. Mesmo tendo uma fórmula mágica de conseguir alguma coisa, você tem de colocar ingredientes diferentes para conseguir.

Pedrão – Qual foi a maior decepção que você teve na carreira? E, em um país tão carente de ídolos, como convive com o fato de ser um ídolo nacional e como lida com o assédio dos fãs?

A decepção foi a Olimpíada de Sydney, em 2000. Eu tinha um time muito competitivo com o Loiola e nas nossas cabeças, éramos mesmo os favoritos, como muita gente dizia. Depois que perdemos o segundo jogo para a Espanha e ficamos em nono lugar, me senti muito culpado, pensei em parar, não achava que teria forças para continuar treinando. Sobre o assédio dos fãs... Encaro da melhor forma possível, tento conversar com todo mundo. Eu também já fui fã. Lembro de um campeonato sul-americano que teve no Tarumã, em 1989. Eu tinha 16 anos, fui pedir autógrafos para os jogadores da seleção brasileira e não fui atendido. Aquilo ficou muito marcado em mim e decidi que, se um dia tivesse pessoas que quisessem vir conversar comigo, iria falar com elas, porque senti na pele aquele sentimento de não ser correspondido.

Bernardinho – Quando e como foi sua decisão de sair da quadra para a praia?

Decidi em 1992. Nossa equipe do Clube Curitibano era praticamente só de curitibanos em 1991 e conseguimos classificar o time para a liga nacional. No ano seguinte, o clube trouxe seis atletas de fora e os colocou para jogar. E os seis paranaenses que classificaram o time foram para o banco. Toda vez que era preciso alguém para fazer a diferença e ganhar o jogo, colocavam a gente para jogar. Isso me causou muita revolta. Me tirou o brio e a vontade de jogar. Em 92, treinei o início da temporada e abandonei o time. Achei que meu caminho seria na praia mesmo sabendo que seria difícil, porque o esporte estava só começando. Era ainda muito amador. Mas foi minha escolha, investir em algo novo porque não queria fazer parte daquele sistema.

Leila – Qual foi o sentimento que teve quando conquistou a medalha de ouro em Atenas (2004)?

Primeiro, eu lutei por aquela medalha. Quando a coloquei no peito, tinha certeza de que a merecia. Depois da frustração em 2000, estava só focado em ganhar uma medalha olímpica. Mudei minha dupla (deixou Tande e firmou parceria com Ricardo), mudei meu sistema de treino, minhas táticas de jogo, tudo pensando em ser campeão.

Raphael – Tem intenção de disputar os Jogos de Londres?

O ciclo olímpico é um processo muito difícil, achei que não teria condições de enfrentar mais um. Mas depois da medalha de bronze em Pequim (2008) e o respeito que a gente conquistou com mais essa medalha, me motivei e pensei que a gente tem condições de ir para Londres.

Zé Marco – O que vai ser da sua carreira depois de Londres?

Ainda não sei... Essa é uma pergunta difícil. Gosto de planejar o ano atual e mais dois para frente. Espero, agora, jogar muito bem com o Ricardo e continuar evoluindo. Acho que é isso e não pensar em depois. Quero continuar o projeto com os "Leões do Vôlei", criar um instituto para ampliar esse projeto.

Clésio Prado – Apesar do sucesso como atleta, sendo o maior campeão da história do vôlei de praia mundial, passa o ano mudando de cidade. Como é isso? Onde você considera que está seu lar?

Gosto de ir onde meu parceiro está. Enquanto o Ricardo está em João Pessoa (PB), considero João Pessoa minha casa. Mas tenho agora uma parceria com a Leila no Rio e isso me dividiu um pouco. Mas sinto falta de um lugar fixo. Vou completar 36 anos e sinto falta de ter um lugar que eu escolha. No momento não tem como ser Curitiba, por causa da minha carreira, mas depois que eu parar de jogar, é uma possibilidade.

Sandra Pires – O que ainda de motiva a jogar com tanto entusiasmo? Ainda falta realizar algum sonho?

Eu tenho a paixão pelo esporte. Só jogo pelo amor que tenho pelo vôlei. Lembro a primeira vez que perdi um campeonato, quando tinha 11 anos, pelo Colégio Medianeira. A sensação ruim da derrota foi tão forte que eu falei que ia tentar vencer todos os jogos que eu tivesse. É esse estímulo que sigo até hoje. A cada ano, quero ser mais uma vez campeão, quero ser rei da praia.

Giba – Quando eu jogava na quadra e na areia, teve uma vez que você se ofereceu para me pagar um lanche, antes de um qualifying(fase classificatória) do circuito nacional. Sei que esse coração de ouro continua o mesmo. Quero saber se ajuda alguma instituição ou tem vontade de ajudar?

Minha relação com o Giba é muito forte. Começamos da mesma maneira, no Clube Curitibano. Ele despontou para um lado, eu para outro, mas sempre com os mesmos ideais, de respeito à equipe, à comissão técnica. Com relação à pergunta, ano passado comecei uma projeto em parceria com a Matte Leão e a Secretaria Municipal de Esportes de Curitiba, o "Leões do Vôlei". Levamos o esporte para as escolas. Temos cinco núcleos. Cada um atende 60 crianças de 9 a 11 anos. Nossa projeção é abrir mais núcleos. Só a alegria de ver as crianças ali, em contato com o vôlei, já vale a pena.

Arthur – Escolhendo João Pessoa como local de treinamento você teve de se mudar para muito longe de seus familiares. O que faz para encontrar forças nos momentos em que a saudade bate?

Encontro forças na confiança que eles têm em mim. Da confiança que a Leila tem no que eu faço, sei que meus pais acreditam em mim. Eles sabem que quando vou para João Pessoa, vou para investir no meu ano. Eles sabem que eu preciso disso. Na minha cabeça, vou para lá para um treinamento muito intenso, para esquecer muitas coisas que enfraquecem meu coração para poder treinar bem.

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