São Caetano do Sul – O martírio alviverde no ABC paulista – nos momentos antes e após a partida com o São Caetano – foi marcado por preces, reclusão dos jogadores, muitas discussões sobre as eleições do clube (marcadas para 5 de dezembro) e a visível mágoa contra o técnico Cuca. Um dia longo e traumático.

CARREGANDO :)

Logo cedo, o zagueiro Anderson convidou um amigo pastor para orar pelo clube no hotel-concentração em Santo André. Um grupo de atletas e o treinador Márcio Araújo participaram do culto, de quase uma hora. "Uma bênção, apenas", disse o religioso, após o encontro.

A preleção do time acabou sendo marcada pelas declarações dos adversários. Paulo Miranda, volante do Azulão com passagens por Paraná e Atlético, disse à imprensa: "Se for para morrer a mãe de alguém, que morra a deles (coxas-brancas)". Era a senha para mexer com o time. "Isso é papo de boteco", cobrou o auxiliar Cláudio Marques, com a entrevista do jornal em mãos.

Publicidade

Cuca apimentou ainda mais a história. O ex-aliado falou ao Diário do Grande ABC que o Coritiba preteriu a parte técnica para arrecadar dinheiro (leia-se pagar dívidas), evitando assim a penhora do CT da Graciosa. Tal opinião também foi vista como desrespeitosa. "Não tem essa, ele é que deixou o time nessa situação", revelou um dos presentes na conversa privada entre comissão técnica e elenco.

A superação gremista no Recife (nos dez minutos finais, o Náutico perdeu um pênalti e sofreu o gol com três jogadores a mais em campo) também reforçou a palestra ministrada por Márcio Araújo, exatamente duas horas antes de a bola rolar.

Durante a partida de ontem, a prova da rivalidade do confronto: a diretoria da equipe paranaense ficou em uma sala improvisada, sem direito a camarote, no nível do gramado. A péssima acomodação, conforme a Gazeta do Povo apurou, foi escolhida pelos dirigentes paulistas por pura hostilidade – e não pelos supostos problemas estruturais do Anacleto Campanella.

Mas pouca coisa alterou os ânimos da delegação quanto ao pleito coritibano. O presidente Giovani Gionédis não perdeu uma oportunidade sequer para atacar os adversários políticos (Tico Fontoura e correligionários). "Fiquei quatro anos pagando dívidas. Agora que temos um pouco de dinheiro em caixa, essa turma quer voltar", cobrou, visivelmente revoltado.

Pouco depois ao empate por 1 a 1 com o Azulão, o time coxa-branca tentou não se entregar ao desânimo. A situação matemática desfavorável – precisa vencer o Inter (no Couto Pereira) e torcer pela derrota com saldo do São Caetano (frente ao Cruzeiro, em Belo Horizonte) ou Ponte Preta (diante do Brasiliense, em Campinas) – foi um golpe.

Publicidade

"Ninguém esperava chegar a essa situação, mas vamos trabalhar ainda confiando numa reviravolta. Primeiro, fazer a nossa parte. Depois, torcer", simplificou o lateral-esquerdo Ricardinho, autor do gol alviverde ontem.

Hoje, às 9h30, a delegação coxa-branca retorna a Curitiba. No próximo domingo, contra o vice-líder Colorado, vive o último capítulo dessa história.