Ei, anime-se: você acordou em um domingo estranho. Está inexplicavelmente em 2014, a Copa do Mundo é aqui e você nem sabe como, mas tem nas mãos um ingresso para a partida entre Brasil e Argentina.
Está meio confuso, pois chega no estacionamento com facilidade mesmo a 30 minutos para o jogo começar. Faz frio pois é julho, mas você nem sente. Sai do carro já dentro do estádio, entrega o bilhete, entra no elevador e desembarca no setor determinado: B. Franze a testa pois é um canto e já está praticamente tomado.
Mas tem outra surpresa: chega sem truculências ao assento número 20, baixa o banco e quando senta começa a rir. Está folgado ali, e você consegue ver todo o campo, que é quase colado às arquibancadas. Até quando o lance ocorre do outro lado, para você que é míope e esqueceu os óculos, o telão à sua frente não deixa passar nada.
A principal característica de um estádio perfeito para Fifa é essa: conforto para o público. Não é à toa que a entidade utiliza as dez primeiras páginas do caderno de encargos específico para construção de praças esportivas para orientar sobre essa questão. (Lembre-se então de olhar bem no banheiro, pois há para ambos os sexos também).
Mas existem outros aspectos a considerar, uma saraivada de exigências técnicas que com certeza deverão passar despercebidas do grande público.
O campo, por exemplo, impreterivelmente terá de ter 108 m x 68 m de dimensão. Telefones públicos para todo lado. Vestiários de luxo: mesas de massagem, bancos para 25 pessoas, um refrigerador, um telefone, dez chuveiros, secadores de cabelo... Para os árbitros, até televisão. E tudo isso com calefação.
A imprensa tem um capítulo a parte, com um centro com capacidade para pelo menos 300 pessoas, mais três estúdios para tevê e um auditório, onde devem ocorrer as entrevistas coletivas. Assim também é para os VIPs e outras categorias de públicos "especiais" cada um em seu lugar.
A segurança no estádio é mais uma preocupação da Fifa. Ela exige um moderno sistema de vigilância com câmeras espalhadas pelo local, cadeiras a prova de fogo, salas de primeiros socorros e até um heliporto, para que em caso de emergência a locomoção seja feita via aérea.
Outras sugestões da entidade são de que o estádio seja totalmente coberto, com opção de abertura no teto quando o tempo permitir o entorno da obra deve ser livre, com uma boa área para o isolamento nos dias de jogos. O gramado também seria móvel, e quando não estiver sendo utilizado, por baixo das arquibancadas, será levado ao ar livre, para tomar sol ou chuva.
Aliás, é quando uma gota de água bate em seu rosto e o teto transparente começa a se fechar que você volta a si: no placar, 2 a 2, 44 do 2.º tempo.
Então olha para o campo e um baixinho vem correndo com a bola, passa por um cara de azul e branco, mais um e depois outro, antes de, na saída do goleiro, colocar para o fundo do gol. Você ainda lembra dos avisos que viu desde que desceu do carro para ficar sentado, não incomodar os outros, mas não consegue se conter.
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