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Rodrigo Hermes faz parte de uma elite das pistas de boliche. Enquanto a maioria dos praticantes combina strikes com uma cerveja bem gelada e tira-gostos, o atleta treina diariamente, reforça sua preparação com musculação e ioga, conta com a ajuda de uma nutricionista e vai contratar uma psicóloga para acompanhar sua caminhada aos Jogos Pan-Americanos de 2007.

Aos 22 anos, o atleta de Foz do Iguaçu é apontado pela Confederação Brasileira de Boliche (CBBOL) como favorito a conquistar uma das duas vagas masculinas (haverá outras duas no feminino) do país numa modalidade mais associada à diversão do que ao alto rendimento.

O boliche é um dos cinco esportes nanicos recém-confirmados no Pan – ao lado do futsal masculino, esqui aquático, patinação (artística e velocidade) e caratê.

O favoritismo do paranaense é comprovado pela tecnologia. Ninguém no país possui movimentos melhores do que os dele para derrubar os dez pinos. "Tenho talento e uma coordenação aprimorada. A sincronia do meu jogo é perfeita", conta, com base no resultado de uma sofisticada máquina chamada de Bowler’s Map. O equipamento fica no Barra Shopping, no Rio, local que abrigará as provas da modalidade durante o Pan.

Rodrigo Hermes começou no boliche aos 14 anos, na pista de um tio em Foz. Um ano depois era o mais jovem brasileiro no Mundial Adulto nos Emirados Árabes Unidos. Foi um dos 13 países onde competiu.

A habilidade o levou a morar alguns meses no México e nos Estados Unidos, superpotência do "bowling" mundial, com seis milhões de atletas federados – contra pouco mais de mil no Brasil. "Financeiramente não ganhei nada, mas valorizo muito a cultura que adquiri", comenta.

A falta de retorno em dinheiro o obriga a dividir os treinos com a panificadora que toca com o irmão, em Curitiba. "Mesmo assim, sou um privilegiado. Conto com o patrocínio do Dragon Bowling (no Shopping Curitiba). Se não fosse isso, pagaria R$ 50 por dia para treinar, seria inviável. Além disso, tenho grande parte dos custos para competir pagos pela federação."

É bom que se diga que a Federação citada por Hermes é a baiana. Um racha entre competidores e dirigentes fez a entidade paranaense ser extinta há alguns anos.

Formado em Educação Física, Hermes já preparou a sua planilha de treinamentos até 2007. Hoje o curso universitário ajuda, mas chegou a atrapalhar a sua carreira. "Perdi uma das provas classificatórias para o Pan de Santo Domingo por causa de um trabalho na faculdade. O professor não aceitou minha justificativa. Foi tão decepcionante que troquei a PUC pelo Unicenp."

A partir no próximo ano, o paranaense vai treinar cerca de três horas por dia e tentar disputar o máximo de torneios possíveis para afiar a concentração. O top do calendário será em Las Vegas, numa competição que reúne 10 mil atletas. "É como um cassino. Você paga US$ 500, pode ganhar R$ 100 mil ou perder tudo em 30 minutos." Um teste e tanto para controlar a ansiedade.

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