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Se pudesse escolher, Levir Culpi mudaria seu destino. Não estaria hoje, logo na sua cidade, enfrentando o Coritiba, num jogo quase festivo para o seu Atlético-MG. Um contraste com a agonia adversária. Um êxito do Galo hoje, no Couto Pereira, praticamente põe fim ao sonho de toda a nação alviverde. Uma multidão que por pouco não teve Levir no comando.

No fim de 2005, o treinador chegou a algo impensável. Ser unanimidade tanto para a situação como para a oposição coxa-branca na turbulenta eleição pós-descenso. Ele era o nome certo para devolver o time à elite. Diferenças financeiras impediram o acerto com o reeleito Giovani Gionédis.

O paranaense foi, então, tentar ajudar outro campeão brasileiro a deixar a Segundona. Conseguiu. Por mais que os cálculos não cravem o acesso, ele reconhece serem improváveis as combinações matemáticas.

Tanto que na goleada de 4 a 0 sobre o São Raimundo, o êxtase tomou conta do grupo, contagiado pela mais fiel torcida brasileira na temporada. É do Galo o recorde de público entre todos os times das três divisões nacionais. Quase meio milhão de pessoas foram ao Mineirão, com média de 28.683 por rodada.

"É uma interação inexplicável. O estádio lotado, as ruas, eles cercam nosso ônibus. É uma coisa anormal. Está sendo um trabalho fantástico", conta o treinador, que quer tirar o Galo de um jejum de seis anos e retribuir com um título tanto carinho dos fãs.

O jogo de hoje remete Levir até a última rodada do Brasileiro 2004. No Atlético, ele sabia que o triunfo do seu time seria o pesadelo do Botafogo, com quem subiu em 2003 – ele também levou a Inter de Limeira à elite em 1988.

O 1 a 1 acabou com o sonho do bi rubro-negro (perdido por causa da vitória do Santos, à frente na tabela) e livrou os cariocas de nova queda. Abraços pós-jogo nos ex-companheiros de General Severiano culminaram no racha entre técnico e diretoria atleticana.

"Dá para comparar os dois jogos. Como naquela época, preferia não encarar essas circunstâncias. Sempre disse que é muito complicado trabalhar na minha cidade. Respeito todos os clubes e tenho torcedores dos três times entre amigos e familiares", comentou o treinador, que contará com muitos representantes da família Culpi hoje no Couto. "Tomara que não me chamem de burro", brincou o treinador.

Levir tem um motivo a mais para lamentar o duelo desta tarde.

Em 91, ele quase levou o Coritiba para a Primeira Divisão. Parou no Guarani, nas artimanhas do presidente bugrino Beto Zini e nos erros do árbitro José Roberto Wright. "Foi um das maiores tristezas da minha carreira. Ganhamos em campo, mas não conseguimos subir", relembra o treinador, para logo depois comentar a complicada situação coxa-branca.

"O Coritiba não depende apenas dele, precisa de outros resultados. É uma pena porque é um clube que não deveria estar na Segunda Divisão. Tem torcida, tem tradição, um título brasileiro. A pressão é imensa porque ninguém aceita essa situação. Mas ainda há chance e o Coritiba tem de usar tudo como lição", citou.

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