Dortmund – Duas garrafas de bebida destilada por pessoa, cervejas incontáveis e uns dois pacotes de pão fatiado para quando se lembrarem de comer. A despensa faz parte de dois trailers de brasileiros a rodar a Alemanha atrás da seleção na Copa do Mundo. Os jogos são apenas um pretexto para esses 14 torcedores. Nem ingressos eles têm. "O importante é a festa", garantem.

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A viagem de 30 dias custou perto de R$ 15 mil, economizados por dois anos. Desses, R$ 1 mil só para decorar os veículos com estrelas, bandeiras do país e uma bem-humorada provocação aos maiores rivais: "A Argentina não tem astronauta", lê-se sobre os pára-brisas.

Os brasileiros reforçam o contingente de em torno de 150 motorhomes no estacionamento próximo ao Westfalenstadion, em Dortmund, onde o Brasil goleou o Japão e volta a jogar nesta terça-feira, contra Gana, pelas oitavas-de-final do Mundial. Os 14 catarinenses (empresários na casa dos 30 anos) eram os mais animados do local.

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Os alemães do trailer ao lado revelaram o plano de estaram bêbados o suficiente à noite para agüentar o som produzido pelos vizinhos. A altura era (muito) superior à qualidade da batucada. O pretenso samba estava mais para marchinha alem㠖 bem condizente às típicas roupas de Oktoberfest de Blumenau usada pelo grupo.

O contraste era semelhante numa rodinha logo adiante, onde rapazes vestidos com a camisa do Brasil chutavam a bola com dificuldade. O mistério foi esclarecido quando revelaram a identidade. A pouca técnica era na verdade de um grupo de noruegueses.

"Nós não gostamos do futebol brasileiro. Nós amamos", disse o estudante Philip Ordens. Ele e outros seis colegas conseguiram ingressos para alguns jogos do time brasileiro na primeira fase e estavam em Dortmund após viajar a Munique e Berlim. "Não conhecíamos a Alemanha ainda e estamos tendo um prazer duplo de viajar e ver o Brasil", completou Aksel Cleve.

Já os brasileiros não tiveram tanta sorte. Sem serem contemplados nos sorteio da Fifa, vieram ao país com a cara e a coragem. Nos dois primeiros jogos, ficaram nos chamados Fan Fest, onde a torcida se reúne para assistir aos confrontos em telões. Já no último duelo, apelaram aos cambistas e viram a vitória brasileira de perto. Eles vão tentar a mesma tática na terça.

O jogo acabou com a frustração de estar na ala dos sem-ingresso desde o começo da Copa. Agora só lamentam mesmo – sempre em tom de brincadeira – terem de encarar a convivência num espaço minúsculo com outros tantos homens. Mas o ambiente nem é tão inóspito quando se imagina e o rodízio de limpeza tem funcionado, pelo menos até agora.

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