O primeiro encontro está marcado para o próximo domingo, às 10 horas, no Café do Moinho, um monumento que homenageia a imigração holandesa e ponto de referência para a colônia em Castro, a 140 quilômetros de Curitiba. O laranja toma lugar do verde e amarelo na decoração e o "juiz ladrão" será substituído pelo "dief scheidsrechter". Depois de ficar fora da Copa de 2002, a colônia holandesa de Castrolanda está feliz com a participação do time quase púbere do técnico Marco Van Basten. Mas, como não dá para abafar a porção brasileira sob o laranja, a mesma torcida deverá vibrar com as peripécias em campo do Brasil.
O cenário só muda caso a Holanda enfrente o Brasil na disputa. Aí não tem para ninguém e todo mundo passa para o verde e amarelo. Ou melhor, quase todo mundo. A família Solomons continuará com suas camisas e chapéus laranjas.
Mônica, de 33 anos, Charles, de 31, e Silvana, de 27, torcerão pelo país de seus pais - pelo menos até o fim para a Holanda e prometem sair nas ruas de bandeira em punho e hinos holandeses para comemorar as vitórias. As camisas da seleção brasileira só reinarão sozinhas depois das quartas-de-finais, fase em que Charles acredita que a Holanda será desclassificada. "E se tiver de sair que não seja eliminado pelo Brasil", diz Mônica, referindo-se às quedas nas Copas de 94 (quartas-de-final) e 98 (semifinal).
O time é holandês, mas a rixa ainda é brasileira. Ao invés do rival europeu, a Alemanha, causa ojeriza aos irmãos Solomons o time argentino. "Aí não dá, o lado brasileiro fala mais alto", conta rindo Silvana.
Mesmo num ambiente formado por descendentes, eles sofrem represálias por admitir que em primeiro lugar vem a Holanda e depois o Brasil. Mas os irmãos garantem lidar com isso com tranqüilidade, já que enfrentam os olhares desconfiados de quatro em quatro anos.
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