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Falta imaginação a clubes e à Federação

Carneiro Neto - carneironeto@gazetadopovo.com.br

Antes de receber protestos dos saudosistas e puristas do futebol, devo esclarecer que sou contra a realização do Campeonato Paranaense nos moldes atuais. Não sou contrário à sua realização em termos mais realísticos e, sobretudo, econômicos. Ajustados nesta parte, recordemos da parte histórica que é, em ultima análise, a única sustentação razoável para a defesa da sua continuidade.

Basta mencionar o início do Campeonato Paranaense para antigas rivalidades serem aquecidas e nomes esquecidos sejam relembrados no longo histórico da disputa. Basta lembrar que em 2015 o nosso torneio estadual estará completando 100 anos de existência. Um século! Trata-se, portanto, de alguma coisa que merece ser preservada, desde que realizada dentro de padrões afinados com a modernidade.

Como só rivalidade entre torcidas não enche a barriga de ninguém, representa extremo sacrifício para clubes com o orçamento de Atlético e Coritiba a obrigação estatutária de participar dessa anacrônica competição.

Integrante do Clube dos 13 e nossa representante na Primeira Divisão nacional, a dupla Atletiba faz por merecer outro tipo de tratamento. Algo que poderia se estender ao Paraná, nosso representante na Segunda Divisão nacional. Por exemplo, ganhar maior tempo para a realização da pré-temporada e só ingressar nas fases finais do Campeonato Paranaense.

Aumentaria a possibilidade de êxito dos menores clubes e certamente proporcionaria uma disputa mais acirrada pelas vagas ao turno decisivo, daí sim com a entrada dos grandes clubes da capital que, além da responsabilidade local, enfrentarão muitos desafios nos torneios nacionais – no caso do Atlético também no plano internacional.

Sou contra, portanto, a falta de imaginação dos clubes e da Federação Paranaense de Futebol (FPF), que poderiam transformar o campeonato estadual em uma grande festa do interior, em vez da submissão do trio da capital, que se obriga a jogar em gramados ruins para públicos que muito raramente ultrapassam 2 mil pessoas nos estádios.

A possibilidade real de gritar é campeão

Luiz Augusto Xavier - luizx@gazetadopovo.com.br

É viável. Para os clubes pequenos, a chance de o torcedor poder ir a campo, assistir futebol de perto e interagir com a partida, apoiando o time da cidade ou o grande que veio de fora. Para os grandes, a possibilidade de entrar na disputa real por um título, o que dificilmente o Campeonato Brasileiro nos oferece.

Os campeonatos estaduais já tiveram seus grandes momentos e, se perderam a força com o passar dos anos, a causa tem mais foco interno do que ingerências advindas da profissionalização do Campeonato Brasileiro. Enquanto a competição nacional estabelecia um regulamento claro e um modelo definitivo, as mentes criativas de nossos cartolas estaduais exageravam em fórmulas mirabolantes, que confundiam o torcedor e, como consequência, não atraíam a atenção pública.

O que já não ocorre neste campeonato que está por começar. Agora todo mundo sabe como as coisas funcionam, com dois turnos corridos e uma decisão final. Significa que – ao contrário de temporadas anteriores, quando a primeira fase servia apenas para apontar os clubes rebaixados – cada partida, da primeira rodada até a última, terá seu valor, os pontos serão considerados, seja para a campanha em busca do título estadual, seja para a garantia de uma vaga na Copa do Brasil ou na Quarta Divisão nacional.

O Estadual tem o encanto do confronto direto, o que o Brasileiro já não nos garante com a mesma intensidade. Um Atletiba, por exemplo. Nesse ano serão dois no Brasileiro, que poderão servir apenas para somar ou tirar pontos na classificação de cada um. No Regional teremos dois já garantidos, com possibilidades de nos levarem a quatro, todos eles com importância capital para o confronto direto ou até decisão do título. Ao Paraná, então, estabelecido em outra divisão nacional, a temporada paranaense é a única chance de poder medir forças com os rivais mais diretos.

Claro que precisamos melhorar, torcer para que cidades como Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu estejam novamente representadas (é só acompanhar o entusiasmo de Ponta Grossa para se ter uma ideia do que representa o Campeonato Paranaense), fazendo frente aos grandes de Curitiba. Mas o que temos, com essa nova fórmula, racional e justa, já é suficiente para garantia de momentos de vibração nesses primeiros meses do ano. Pode apostar.

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