Dezenas de manifestantes protestavam pacificamente na entrada da Fonte Nova ontem à noite antes do jogo entre Uruguai e Nigéria pela Copa das Confederações. O estádio reconstruído pelo poder público por R$ 689,4 milhões era o destino final da passeata que começou no início da tarde a quatro quilômetros dali com cerca de 20 mil pessoas segundo a Polícia Militar.
Pelo caminho pipocaram novos confrontos entre ativistas e policiais, atos de vandalismo e saques. Tanto que uma manifestante alertava a quem pensava em subir por rua próxima. "Eu não aconselharia ir por aí. Nesta hora os vândalos já tomaram conta de tudo".
Bem diferente do clima inicial. E do promovido por quem chegou às portas da Fonte Nova. "Os vândalos não começam com a gente. Eles entram no meio, de preferência quando há confusão", lamentava a jovem Lucilene Carvalho Lima. Ela contou que, apesar das barreiras policiais, chegou com outras dezenas de manifestantes, se misturando ao público. "Não seria forçando que conseguiríamos", acrescentou.
O manifestante Igor Pedreira Soares admitiu ter forçado passagem por uma barreira. "Eles não podem nos tirar o direito de ir e vir só por causa de um jogo, só porque constrangeria a Fifa. Não vamos ficar quietos", gritava, admitindo, porém, ter chegado ao estádio apenas quando trocou a força pelo jeito. E fez questão de se diferenciar dos vândalos. "Não é a mesma coisa. São bandidos, doentes que se aproveitam do nosso ideal".
O estopim para a primeira confusão foi exatamente igual em Fortaleza no dia anterior: ativistas tentando passar por barreiras policiais. Senha para os oficiais começarem a usar balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. A página da manifestação no Facebook que ganhou o apoio de mais de 60 mil pessoas havia publicado orientações caso a polícia usasse essas armas. "Na hora, com o olho lacrimejando e dificuldade para respirar, você não pensa. Só um pouco depois fui lembrar do vinagre que havia trazido, e melhorou", contou Diego Barbosa Sales.
Também era anunciada uma brigada de saúde, com voluntários de roupas brancas. Ela agiu quando começaram a aparecer feridos até as 21h30 não havia um número confiável. O rescaldo preliminar apontava 15 ônibus incendiados, depredação de agências bancárias e saques a lojas. Apesar disso, na internet muitos já sugerem uma nova manifestação antes da partida entre Brasil e Itália amanhã.