Recife não recebeu a Copa das Confederações. Parte dessa informação é geográfica. A Arena Pernambuco fica em São Lourenço da Mata, a 19 quilômetros do centro da capital. O grosso dela é baseada no baixo envolvimento da cidade com os três jogos que recebeu do torneio, dez dias com pelo menos duas seleções sempre hospedadas por ali.
Estada que atraiu a atenção somente de quem já estava ou mora em Boa Viagem, a praia escolhida para abrigar as delegações. Sempre havia grupinhos de torcedores esperando pela chance de pedir autógrafo ou tirar foto de jogador. Invariavelmente, gente que tinha ido almoçar e resolveu dar uma passada ou calçou o chinelo, desceu do seu apartamento e resolveu andar três ou quatro quarteirões para tentar a sorte.
Talvez o sintoma mais forte desse baixo engajamento tenha sido a falta de manifestações durante a Copa dos Confederações. Milhares foram às ruas no Rio, em Salvador, em Fortaleza, em Brasília e BH. No Recife, o gigante segue dormindo. No máximo saindo na varanda e gritando "vem pro sofá".
Essa frieza surpreendente para uma cidade do Nordeste tem a ver com o público que frequenta os estádios. Seja alvirrubro, rubro-negro ou tricolor, o recifense está acostumando a andar pouco para ver seu time jogar. Aflitos, Ilha do Retiro e Arruda são ocupados, predominantemente, por moradores do bairro.
Um desafio e tanto para o Náutico, que trocou o central Aflitos pela distante Arena. E para o Comitê Organizador, que precisará de um calendário forte de jogos ou muito esforço para arrastar o povo até a arquibancada. Se bem que, diante da péssima mobilidade urbana da cidade, talvez o melhor mesmo seja assistir a tudo do sofá ou onde for perto o bastante para ir de chinelo.
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