Isto é o Mazembe
Poucos conheciam, mas o clube do Congo tinha tudo para ser uma zebra daquelas. E conseguiu. Saiba algumas curiosidades do clube que deixou a torcida do Inter envergonhada.
A história
A Fifa, através do site oficial, avisava ao Inter: "O Mazembe é um clube que renasceu das cinzas, depois de décadas de guerra civil no Congo, e desafiou todos os prognósticos para alcançar o topo do futebol africano. O sucesso dos corvos deu a um país arrasado pelo conflito armado uma razão para sorrir." O time foi fundado em 1939 na cidade de Lubumbashi, na República Democrática do Congo, ex-Zaire.
O cartola
O presidente do Mazembe, Moïse Katumbi, é um conhecido empresário e político (governador de um estado no Congo) . É a principal figura por trás da ascensão recente da equipe. No país, chegou a ser apelidado pelos adeptos de "Obama". Explora o principal negócio do país: o minério.
Os títulos
O clube despontou ao erguer a taça africana em 1967 e 1968, além de ter chegado à final da competição nas duas edições subsequentes. Embora tenha passado por um longo jejum no cenário continental, Manteve a hegemonia nos gramados do país, com dez campeonatos (cinco títulos apenas na década de 2000) e cinco copas nacionais. Voltou a vencer a liga africana nos últimos dois anos.
O professor
O técnico senegalês do Mazembe, Lamine NDiaye, um ex-atacante, chegou em agosto no clube sem muita história no currículo apenas títulos em Camarões e uma passagem pouco frutífera à frente da seleção senegalesa em 2008.
Ponto forte
Uma das razões é a grande fase do atacante zambiano Given Singuluma principal ídolo do clube. O seu companheiro de ataque, Alain Dioko Kaluyituka (autor do segundo gol ontem) também se destaca. O meia Ngandu Kasongo fecha o grupo de ídolos no time africano.
A expressão facial dos jogadores do Internacional na saída de campo mediu o tamanho da decepção. O Colorado experimentou ontem uma de suas maiores tristezas ao perder por 2 a 0 para o surpreendente Mazembe, do Congo, nas semifinais do Mundial de Clubes da Fifa, em Abu Dabi o time africano já havia despachado o Pachuca, do México, nas quartas de final.
Os cerca de 5 mil torcedores que pagaram caro para acompanhar a equipe no Oriente Médio terão uma amarga viagem de volta. Quem tiver ânimo ainda poderá encarar no sábado a melancólica decisão do terceiro lugar contra o perdedor do duelo de hoje (15 h, de Brasília) entre a Internazionale de Milão e o sul-coreano Seongnam Ilhwa.
Com o resultado, o Inter tornou-se o primeiro time sul-americano a não chegar à final do torneio desde sua criação, em 2000. A derrota causou muito choro também no Rio Grande do Sul. As cerca de 10 mil pessoas que assistiram ao jogo em um telão no Ginásio Gigantinho não conseguiam disfarçar a frustração. Após o jogo, os colorados andavam cabisbaixos pelas ruas de Porto Alegre ao som de buzinas dos rivais gremistas.
Enquanto o técnico Celso Roth e os jogadores colocavam a culpa nas chances de gol desperdiçadas, o presidente do clube, Vitorio Piffero admitiu que o Mazembe mereceu vencer.
"Só pode perder quem está aqui, quem ganhou a Libertadores. Mas os 90 minutos são imponderáveis", afirmou o dirigente.
Segundo o cartola, a equipe começou bem, mas não conseguiu manter o ritmo e deixou de sufocar o adversário. "Ser favorito não é certeza de vitória. Não tivemos competência de aproveitar pelo menos uma das quatro grandes oportunidades", lamentou Piffero, aderindo ao discurso geral.
O meia Tinga lembrou a vergonha dos torcedores. "Com certeza ficamos chateados tanto pelos que ficaram no Brasil quanto os que vieram aqui. Não subestimamos o Mazembe, temíamos que isso poderia acontecer", garantiu.
Celso Roth também garantiu que o problema não foi salto alto. "Nós nunca nos enganamos. Sabíamos que seria complicado. A decepção é muito grande, porque não adianta dizermos que tivemos muitas oportunidades e fomos melhores, porque melhor é quem ganha. O Mazembe merece os parabéns porque aproveitou as oportunidades", discursou o treinador. "O que faltou foi a finalização. Mérito do goleiro, mas também demérito nosso. Erramos exatamente onde nós tínhamos dificuldade", acrescentou.
Roth comparou a derrota de ontem à do Pachuca para o mesmo Mazembe. "Jogamos mais do que o Pachuca e amargamos uma derrota pior. Essa é a graça do futebol", afirmou, sem levar em consideração, porém, a apatia da equipe após sofrer o primeiro gol. A maioria das chances foi criada quando o placar era de 0 a 0.
Os atletas reconheceram a falta de precisão nas finalizações especialmente com Rafael Sóbis, mas Giuliano e Tinga também perderam chances claras.
"Quando você não faz, tem uma hora que leva", disse o zagueiro e capitão Bolívar. Mas ele falhou no lance do primeiro gol, marcado por Kabungu aos sete minutos do segundo tempo. Deixou o adversário dominar na área e chutar com tranquilidade.
No segundo, aos 40 minutos, Guiñazu deu muito espaço para Kaluyituka, que chegou a pedalar antes de arrumar o corpo e bater rasteiro no canto do goleiro Renan.
Enquanto técnico e jogadores davam explicações em Abu Dabi, a rivalidade acirrava os ânimos em Porto Alegre. Na Avenida Goethe, tradicional ponto de encontro em dia de jogos, um torcedor colorado arremessou uma pedra no carro de um casal gremista. A mulher ficou ferida no rosto.
Pela internet, o Grêmio também não ficou de fora da chacota. Em seu perfil oficial no Twitter, o clube se manifestou exaltando a vitória africana: "Grêmio é o único clube gaúcho invicto em jogos do Mundial de Clubes. Parabéns ao @tpmazembe do Congo".
O vice-presidente eleito do Tricolor gaúcho, Eduardo Antonini, também entrou na farra. "Quem souber o contato dos goleadores africanos nos avise. Serão belos reforços para 2011. Vamos lotar o aeroporto!!!", escreveu em seu Twitter. E completou: "Que tal convidar o Mazembe para a inauguração da Arena?", referindo-se ao novo estádio do Grêmio, com inauguração prevista para 2012.
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