"O vice-campeonato não adianta nada. No futebol o que vale é ganhar, ganhar e ganhar." O ensinamento que o técnico Antônio Lopes disse ter tirado do segundo lugar na Libertadores, minutos após ver o Atlético ser goleado por 4 a 0 pelo São Paulo, no Morumbi, não é o mesmo percebido por pessoas historicamente ligadas ao clube. Dirigentes, treinadores e ex-jogadores com forte vínculo com o Furacão vêem a chegada à final do torneio como um passo fundamental na transformação do Rubro-Negro em uma das grandes equipes do Brasil.
Na opinião dessas personalidades, ouvidas pela Gazeta do Povo, a frustração por chegar tão perto do topo da América não pode superar a projeção obtida pelo clube. O mais importante é a valorização além das fronteiras brasileiras que o Furacão ganha depois dessa competição.
"Ele (Antônio Lopes) está se sentindo frustrado por chegar tão perto e querer ganhar. Mas o Atlético não tem que se sentir diminuído. Não é fracasso chegar tão longe, onde muitos nunca chegaram", avaliou Geninho, técnico campeão brasileiro pelo Rubro-Negro, em 2001.
Do ano 2000 para cá, esta foi a terceira Libertadores que os atleticanos disputaram. Neste período, o clube ainda foi campeão brasileiro de 2001 e vice no ano passado. Da melhor participação da história em torneios internacionais, ficam lições que devem ser utilizadas no futuro.
"Depois dessa campanha, o Atlético sabe como se armar para a próxima. É uma pena que não ganhou, provou que com organização dá pra disputar um torneio a tiro médio como esse. É claro que o vice vale, você chegou a disputar a final. E ganhar, ganha um só. O que o Atlético fez foi uma façanha heróica", comentou Barcímio Sicupira, maior artilheiro da história do clube e comentarista da Rádio Banda B, de Curitiba.
Como o Atlético atualmente é o lanterna do Brasileiro seis pontos ganhos em 11 rodadas e somente os quatro primeiros ao fim da competição garantem vaga no Sul-Americano do ano que vem, as maiores esperanças do Furacão em retornar à Copa na próxima temporada estão em uma mudança de regulamento.
"Eu acho que esse ano não da mais para alcançar. Tomará que tenha uma mudança no regulamento com o segundo colocado entrando (atualmente privilégio do campeão) para o Atlético estar lá novamente", disse Sicupira.
O sentimento de importância ganha força nas palavras de quem viveu momentos bem menos vitoriosos na história rubro-negra. O ex-presidente Valmor Zimmermann espera ver o time constantemente chegando em competições internacionais.
"Eu acho que o vice-campeonato é muito importante. Na realidade era muito difícil uma vitória lá, o time deles é muito bom. O nosso é guerreiro, mas tecnicamente inferior. É um passo muito grande, assim vamos chegando. Espero que seja um constante na vida do Atlético estar nessas decisões. Pela estrutura que o clube tem, estou certo de que vai chegar de novo", desejou.
O discurso de importância para o vice-campeonato ganha força na atual diretoria. O presidente João Augusto Fleury comemorou o resultado. "Quando assumi (há quase dois anos), disse que não prometia títulos, mas prometia o Atlético sempre entre os primeiros. Foi assim no Campeonato Paranaense (vice em 2004, campeão neste), no Brasileiro (vice ano passado) e agora na Libertadores", afirmou.
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