A torcida do Coritiba terá, a partir de hoje, o reforço de uma voz de peso. Cinquenta e nove dias depois da emocional despedida contra o Bahia, Alex volta ao Couto Pereira como torcedor. Ficará nas sociais do estádio, como costumava fazer durante as férias do Fenerbahçe. Porém, com um peso muito maior. Os dois últimos anos jogando pelo clube reforçaram a idolatria da torcida e o envolvimento com a política interna, que fizeram dele um ator importante no futuro alviverde. Foi com a noção exata desse status que Alex conversou com a Gazeta do Povo por 36 minutos, sexta-feira, em uma padaria de Curitiba. Falou da vida de ex-jogador, relembrou as emoções e brigas do último ano em campo e já lançou um alerta para os novos gestores do clube, que nas primeiras contratações fugiram da filosofia discutida com ele.
Vida de ex-jogador
"Até o momento, tranquilo. Os caras me chamaram pra 50 peladas e joguei duas. Brinquei igual a um ex-jogador mesmo. Não sinto falta. Não tive nem um pequeno pensamento que me colocasse em Atibaia treinando."
Rotina de torcedor
"Vou pro lugar em que sempre assisto aos jogos desde que conheci minha mulher. A diferença é que vou ver mais jogos, hoje tenho uma expectativa diferente."
Vaná
"Quero ver como vão receber o Vaná no gol. Como ele vai se posicionar como número 1. Nos dois últimos anos a atuação dele nos bastidores foi muito importante. É inteligente, se posiciona. É casado com uma mulher muito inteligente que ajuda ele nesse sentido. Nos bastidores era fácil porque não tinha responsabilidade de sair do gol, fazer grande defesa. Agora o bastidor precisa até aumentar e tem a prova do campo."
Novas referências
"Quando cheguei, o time tinha três referências técnicas: Éverton Ribeiro, Rafinha e Deivid. E lideranças absolutas no vestiário: Willian, Deivid, Lincoln, Vanderlei. O Robinho cresceu muito, atingiu o espaço dele. Agora é um time novo. Com o tempo a gente vai ter a ideia de quem vai ser a liderança, de quem ganha jogo, de quem será decisivo."
Atuação política
"No início do ano passado o Ricardo Guerra me ligou e disse: 'Tenho a ideia de ser presidente, montar um G5 forte e preciso da tua imagem e tua força para ajudar. Vem comigo?'. Falei: 'Vou. A única coisa que eu não quero é participar inicialmente da mudança do elenco, pois os caras são meus amigos e vai haver choque'. Então ele anunciou que não seria mais candidato. Ali, eu recuei. Fiquei desestimulado. Tínhamos conversado várias vezes eu, o Guerra, o Paulo Autuori, o João Paulo Medina e o Marcelo Almeida a respeito de filosofia, o que seria bom para o Coritiba."
Vilson
"O Vilson ia para a imprensa e se colocava como se estivesse tudo em dia. O time estava na concentração, ligava a tevê e o Vilson falando de gestão temerária, responsabilidade fiscal e ele fazendo as mesmas coisas aqui. Passava uma imagem que não era real. No jogo do Figueirense, nego queria matar [derrota por 4 a 0, 19/10]. Torcida no alambrado gritando: 'Bando de fdp! Mercenário! Tudo em dia e toma quatro do Figueirense!'. Não era verdade. Se fosse, já estava errado. Você não é mercenário por receber seu salário. A situação só ficou exposta quando peitamos com a faixa no Atletiba."
A faixa
"'Ah, o Alex fez a faixa!'. Não fiz. Chegou um momento que falei: 'Não dou mais ideia. Se quiser fazer qualquer tipo de ação, vou junto'. Era um período tão ruim que a faixa custou R$ 1,5 mil e ninguém tinha dinheiro para fazer. O Julio Cesar dava carona para dois, três para economizar o dinheiro do combustível. Minha participação foi comprar a faixa e mandar um funcionário meu buscar. Tínhamos a consciência de que era uma m... enorme que a gente estava comprando. Acabou que o Hélder fez um p... golaço. Mas estava f... [risos]."
Peso na eleição
"Não me dou esse peso. Só contei fatos que explicavam por que o grupo não tinha relação com o presidente. Quando ele fala da Império ter decidido a eleição, talvez. O novo Conselho tem uma turma ligada à torcida. Nas conversas que tive com o Reimackler [Graboski, presidente da organizada], ele sempre se posicionou a favor do Vilson. Disse que tinha uma relação de carinho, amizade e gratidão. Não sei o peso do Reimackler dentro da torcida."
Nova gestão
"Não vou criticar porque a gestão tem um mês. Quando traz o Rodolfo e joga o Dudu e o Zé Rafael pro lado, foge do que a gente conversava, da filosofia de jogar o da casa. O Rodolfo tem a idade deles. É melhor? Não sei. Dudu e Zé são nossos. O João Paulo é um jogador que o Atlético não usaria. Provavelmente tem salário maior do que o clube imaginaria pagar para qualquer outro, joga na posição de volante e o Coritiba deve ter dois, três do Tcheco [do sub-23]. João Paulo é melhor que o Ícaro? Talvez, mas não devolve nada além da parte técnica. Podem alegar que é ano de transição, mas assina com o Negueba por dois anos. Se é o que o Coritiba deseja, ótimo. Mas a gente conversava de apostar na base, senão quebra."
Medina
"Todo mundo que vem me perguntar eu falo que vou torcer pro Medina. Para que ele tenha força suficiente para suportar a pressão diária e fazer o trabalho dele. Ele quer que eu vá com ele e eu estou recusando uma atrás da outra por causa disso. Meu modo de ser, a maneira de colocar as coisas, nesses dois casos já daria atrito. O grande trabalho do Medina não vai aparecer neste ano. Vai aparecer em 2018, 2019. A pergunta é se a diretoria vai sustentar e se o lado de fora vai entender."
Compreensão da torcida
"Se jogar às claras, dá para entender. Assim, o Coritiba vai brigar pelo Paranaense e vai brigar igual no Brasileiro. A grande diferença é achar quem ganhe jogo. Nos últimos anos sempre teve quatro ou cinco que ganhavam e vai ter de achar no time atual."
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